De geração para geração: Elaine Apostolopoulos fala sobre a cultura grega no mundo dos negócios
Empreendedora dá dicas de como gerir uma empresa familiar; ao lado do irmão Filipe, Elaine comanda o legado da Nea Tanks Engenharia
Apesar de escrever sobre lifestyle, esta colunista também fala sobre comportamento e, óbvio, sobre empreendedorismo quando alguma história lhe chama a atenção e foi isso o que aconteceu ao conhecer a história de uma família grega que aplica na vida e nos negócios, a cultura local a fim de expandir conhecimento e ir além. O livro “Destino – O Fio da Vida”, de Alan e Dimitra Apostolopoulos, trata de famílias de origem grega cujas memórias e experiências são passadas de geração para geração. A publicação da Literare Books International traz uma narrativa não só orienta os leitores a explorarem suas raízes, mas também destaca as diversas formas de conexão estabelecidas através dos chamados laços de sangue. Confesso que minha imersão à cultura deles vem muito do cinema e pouco da leitura, mas conversei com a filha do casal, Elaine Apostolopoulos, representante da terceira geração da sua família no comando dos negócios e busquei entender no que a trajetória deles pode agregar ao empresariado e vivência brasileiros já que a empreendedora, diferentemente dos pais, é nascida aqui.
Atualmente, ao lado do irmão Filipe, Elaine comanda o legado da Nea Tanks Engenharia, empresa que é referência no mercado de sistema de macacos eletromecânicos na montagem de tanques de armazenamento. Por gerir uma companhia que está entre as mais tradicionais do seu nicho, a empreendedora conta que, através da obra autobiográfica é possível mergulhar na cultura grega e suas lições, sendo que essa pode ser a base para tratar adversidades no mundo dos negócios. “Temos um lema em nossa família que foi passado por minha mãe que diz: ´Ou todos ou ninguém´. Isso vale para tudo, de comida à viagem. Ou todos podem usufruir, ou nenhum de nós será privilegiado em detrimento ao outro. Isso nos mantém unidos e traz propósito à vida, fazendo com que haja evolução quando empregamos a filosofia além do mundo pessoal”, afirma a diretora financeira da empresa.
Para a executiva, o cenário pouco comum vivenciado por ela e os seus no mercado corporativo apresenta seus contra pontos. “A vantagem principal reside no conhecimento prévio que se tem sobre o temperamento e as habilidades de cada membro da família. Esse entendimento mútuo facilita a abordagem de questões difíceis e a resolução de conflitos”, ressalta. Segundo Elaine, o envolvimento emocional e o amor entre os familiares contribuem para encontrar pontos de convergência, já que todos compartilham os mesmos objetivos de prosperidade e sucesso. “A familiaridade com as personalidades e o histórico comum pode tornar mais fácil a colaboração e a busca por soluções alinhadas com os valores e metas cultivados ao longo do tempo e isso é alimentado diariamente, e posso afirmar que tem um peso ainda maior porque exercitamos a responsabilidade de manter a história do sobrenome envolvido”.
Com uma criação enraizada na cultura grega, é claro que viver nos costumes brasileiros é um desafio. “A chave para lidar com essas divergências é manter o foco nos objetivos da empresa, permitindo que a melhor ideia prevaleça, independentemente da posição hierárquica de quem a propôs. Esse enfoque nos resultados ajuda a minimizar o impacto das diferenças pessoais e promove um ambiente colaborativo e produtivo. Choques de culturas e pensamentos são inevitáveis em qualquer ambiente de trabalho, e as empresas familiares não são exceção. Esses conflitos, no entanto, podem ser superados quando todos focam em um objetivo comum: a prosperidade familiar e o sucesso da empresa. O lucro e o crescimento do negócio atuam como forças unificadoras, transcendendo diferenças individuais e geracionais”.
Se, por um lado, empresa familiar traz essas facilidades, separar o pessoal do profissional é uma tarefa desafiadora, porém, primordial para o sucesso. “O segredo está em manter os olhos firmemente focados no que é melhor para a marca. Se cada um seguir apenas suas preferências pessoais, isso pode levar a frustrações e conflitos. No entanto, ao priorizar o bem-estar e o sucesso da empresa como um todo, todos saem ganhando. Quando o negócio prospera, os benefícios são compartilhados por todos, reforçando a importância de uma visão coletiva e estratégica”.
Independentemente do grau de parentesco ou não, gerir requer uma combinação de hierarquia clara, envolvimento abrangente e uma visão compartilhada. “É crucial estabelecer uma hierarquia bem definida, onde cada membro conhece seu papel e responsabilidades. No mundo ideal, sucessores devem passar por todos os setores operacionais da empresa para garantir uma compreensão completa do negócio, o que é fundamental para o desenvolvimento”, orienta. E arremata: “A paixão pela empresa é essencial, mas deve ser equilibrada com a capacidade de evitar conflitos de ego.
Muitas vezes, as linhas entre pessoa jurídica e pessoa física se confundem, mas é vital lembrar que o objetivo principal da empresa é obter lucro e não quem tem razão. Os resultados e o desempenho da empresa são os verdadeiros indicadores de sucesso, e focar nisso ajuda a manter a equipe unida e comprometida com o bem comum”, finaliza.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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