Como o caso Americanas pode nos ensinar a investir em ações
Cautela e conhecimento são fundamentais para a redução dos riscos de investimentos
Ainda responsável por muitas incertezas, uma briga judicial que pode estar longe do fim e muitas conclusões “que mudam a toda hora”, o caso envolvendo a Americanas nos traz uma grande verdade: investimentos envolvem riscos. A saída precoce do CEO Sergio Rial em 11 de janeiro, logo após a Americanas comunicar ao mercado sobre suas “inconsistências contábeis” na ordem de R$ 20 bilhões, caiu como uma verdadeira bomba no mercado de ações. Bastaram alguns minutos seguintes para que elas despencassem até 77% do valor do seu papel naquele mesmo dia. E esta queda, até os dias de hoje, já ultrapassa os 90% desde a divulgação dos problemas existentes no balanço da companhia.
Da nossa parte, sem que seja possível ter a certeza sobre os motivos existentes em todo esse imbróglio financeiro, muito menos o caminho que será percorrido até o fim desta história, nos cabe auxiliar os investidores mais novos e com menos tempo de experiência para que tenham melhores condições de investimento nesse mercado de ações. Partindo da certeza existente no mercado financeiro de que “investir em ações é arriscado”, também é possível dizer que existem maneiras eficientes para se reduzir os riscos do investidor. Vale lembrar que o rombo contábil anunciado pela Americanas não foi o primeiro e nem será o último caso anunciado por empresas. Portanto, aos mais novos, seguem algumas dicas de como cuidar dos investimentos e reduzir os riscos.
É importante registrar que não existe uma fórmula mágica ou receita única para investir em ações. O formato do investimento vai depender, antes de tudo, do perfil do investidor. As escolhas sobre os investimentos são precedidas pelas características e pensamentos daquele que está disposto a “trabalhar o seu dinheiro”, que pode ser com um perfil mais conservador, moderado ou até mesmo um investidor mais arrojado. E esse perfil ainda precisará contar com uma importante análise sobre os objetivos do investidor e as condições de mercado, atuais e futuras.
Uma vez identificado o perfil comportamental sobre o nível de risco aceito, recomendo ao investidor iniciante que considere investir em empresas pertencentes ao seu “círculo de competência”. Procure por empresas e setores que você possui certa familiaridade ou que já conhece. É mais simples analisar investimentos em empresas que você possui conhecimento sobre o ramo de negócio, o que já reduz as chances de erros de avaliação.
Definidos os mercados onde estão as empresas para se investir, faça uma análise das principais empresas do segmento. Para isso, é fundamental que se tenha a preocupação em conhecer o balanço de cada uma destas companhias. Procure se informar sobre os demonstrativos de resultados e não deixe de analisar o seu fluxo de caixa. É através destas informações que se consegue obter conhecimento sobre a saúde da empresa.
Outra forma de reduzir os riscos de um investimento é a manutenção de uma “margem de segurança” na hora de comprar as ações. Mesmo que um determinado investimento pareça extremamente atraente naquele momento, considere não pagar um preço que possa estar elevado demais para determinada empresa. A utilização de uma “margem de erro” será mais uma forma de se manter dentro de uma zona de proteção.
A diversificação de investimento entre empresas e setores também é sempre muito bem-vinda e recomendada. Com a volatilidade do mercado, que sempre reflete condições externas, tem na diversificação uma forma de se buscar o equilíbrio dos investimentos, através da média dos resultados obtidos, suavizando possíveis quedas de preços de determinadas ações em particular.
Por fim, recomendo cuidado com aquelas “dicas de ouro de um amigo”. O seu comportamento deve seguir a sua essência e o seu perfil de investidor. Depois, considere as necessárias análises acima recomendadas e nunca as deixe de lado. Fuja do conhecido “comportamento de manada no mercado”, em que um investidor repete os passos “de todo mundo”, como se isso fosse garantia de ganhos financeiros. Seja através de uma mesa de operações ou mesmo por meio de Home Broker, em que o investidor executa suas ordens de compra e venda, o mais importante para os novos investidores é a manutenção de cautela, a necessária paciência e a certeza da existência do risco. Tenham bons investimentos.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.