Segurança no ambiente escolar é uma responsabilidade compartilhada entre governos, instituições de ensino e a comunidade

Precisamos de investimentos para a segurança de alunos, professores e funcionários

  • Por Ricardo Motta
  • 22/04/2023 10h00
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO Ataque em escola de SP É urgente um maior investimento dos governos, estaduais e municipais, no âmbito da segurança das instituições de ensino

Não apenas em razão dos últimos e trágicos acontecimentos ocorridos em algumas escolas pelo país, temos convivido com a divulgação de supostas ameaças à segurança das escolas. Em razão da instauração desse clima de tensão, até mesmo o governo federal se mobilizou na tentativa de demonstrar sua preocupação com o assunto. E como não poderia ser diferente, tudo isso tem alterado a rotina de muitas entidades de ensino, envolvendo pais, alunos e professores. Mas será que as preocupações ocorrerão apenas quando do surgimento de novas ameaças? O assunto será debatido somente depois da divulgação de novos e trágicos acontecimentos? O assunto não é novo e a sua relevância é cada vez maior. É notório o aumento no número de ataques e situações violentas envolvendo alunos e professores, o que torna ainda mais urgente um maior investimento dos governos, estaduais e municipais, no âmbito da segurança das instituições de ensino. Além disso, as próprias escolas e faculdades precisam se engajar na procura por soluções e melhorias para garantia da proteção de seus alunos e funcionários.

Vale dizer que esses aumentos de ataques são motivados por razões das mais diversas, passando por problemas pessoais e emocionais de alunos e funcionários, até ações de grupos externos com intenções políticas, criminosas ou ideológicas. De toda forma, mesmo diante do crescimento desses ataques e independentemente da motivação, nossos governos não se cansam de alegar as dificuldades enfrentadas pela falta de recursos financeiros necessários para o aumento dos investimentos na segurança das instituições. Mas isso precisar mudar. Uma vez comprovado o crescente aumento de tristes episódios nas entidades de ensino, chegou a hora de todos os governos repensarem a questão e promoverem os necessários aumentos de investimentos para segurança de escolas e faculdades. Como parte das obrigações do poder público, nossos governantes precisam fomentar uma maior cooperação entre diferentes setores do governo (educação, saúde e segurança pública) para o desenvolvimento de políticas e ações integradas capazes de promover um ambiente seguro e saudável nas escolas e faculdades, além de um maior envolvimento de cooperação e colaboração entre as entidades de ensino e as autoridades locais.

Outro ponto crucial para o sucesso das ações de segurança no ambiente escolar é a integração com a comunidade. O poder público deve promover campanhas de integração entre escolas, famílias e comunidade, incentivando a participação ativa de todos na prevenção e combate à violência, incluindo a abordagem de temas como a prevenção de bullying, convivência saudável, resolução de conflitos e a importância da denúncia de situações de risco. No que se refere às entidades particulares de ensino, existem diversas medidas de segurança a serem desenvolvidas. Como exemplo, é fundamental a adoção de protocolos de segurança claros e eficientes, estabelecendo procedimentos a serem seguidos em caso de emergências ou situações de risco. Sob esse aspecto, até para que tenhamos maior garantia e efetividade desses protocolos de segurança, todos os envolvidos (funcionários, professores e alunos) precisam receber treinamentos e capacitação para agir conforme as normas estabelecidas.

Não podemos esquecer do uso da tecnologia como grande aliado para segurança destas instituições. Existem inúmeras ferramentas capazes de garantir um ambiente mais seguro, incluindo sistemas de monitoramento por câmeras, controle de acesso e alarmes. É preciso que as entidades particulares desenvolvam ações preventivas e programas de conscientização voltados para a prevenção de violência e o fortalecimento da convivência saudável no ambiente escolar. Só que tudo isso passa por um importante e fundamental fator: o aumento dos investimentos em segurança. As instituições de ensino precisam rever seus orçamentos destinados à segurança dos seus alunos, professores e colaboradores. Dificilmente alguma escola ou faculdade não precise de melhorias na sua infraestrutura para aumento da garantia de um ambiente mais seguro e controlado. A instalação de câmeras de segurança, uma iluminação mais adequada e o aumento das suas cercas, muros e portões, são pontos que merecem destaque. No quesito profissional, as entidades de ensino devem investir na contratação de profissionais de segurança capacitados e experientes, capazes de atuar tanto na prevenção quanto na resposta a situações de risco. Da mesma forma como o poder público, escolas e faculdades devem estabelecer parcerias com organizações especializadas em segurança e com autoridades locais para a elaboração de estratégias e implementação de medidas efetivas de proteção.

Por fim, e não menos importante, o envolvimento de pais e responsáveis no acompanhamento da vida escolar dos alunos é fundamental quando se fala na prevenção de situações de risco, os quais devem ser envolvidos e podem contribuir para a identificação de problemas e o desenvolvimento de estratégias de prevenção. Não existem dúvidas que a segurança no ambiente escolar é uma responsabilidade compartilhada entre governos, instituições de ensino e a comunidade. O compartilhamento desta responsabilidade é o fator preponderante para que tenhamos um efetivo engajamento e a colaboração de todos para garantia da proteção e do bem-estar de alunos e funcionários. As mudanças são necessárias e urgentes. Precisamos minimizar as chances de que novos e trágicos incidentes voltem a ocorrer.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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