Dá para reabrir escolas com segurança? Estudos mostram que sim

Não quer dizer que o risco é zero, mas com protocolos como turmas reduzidas, aulas em dias alternados, distanciamento e verificação de sintomas, a experiência internacional revela que é possível evitar um dano ainda maior aos jovens

  • Por Samy Dana
  • 07/01/2021 16h40 - Atualizado em 07/01/2021 16h47
MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - 12/03/20 As aulas presenciais devem ser retomadas de forma gradual no dia 1º de fevereiro, data confirmada esta semana pelo secretário estadual de Educação, Rossieli Soares

Com a pandemia de Covid-19, as escolas públicas de São Paulo fecharam em março do ano passado. Reabriram em setembro, mas para atividades de reforço, acolhimento e recuperação. As aulas presenciais devem ser retomadas de forma gradual no dia 1º de fevereiro, data confirmada esta semana pelo secretário estadual de Educação, Rossieli Soares. No meio de nova alta de casos e com os hospitais lotados, já existe um debate sobre se é mesmo a hora de voltar. Um ano de estudos sobre escolas e a transmissão da Covid-19 indicam que sim. Em um primeiro momento, fez sentido fechar as escolas. Não se sabia quase nada sobre o coronavírus e nem sobre como é transmitido. Mas a experiência de outros países e o conhecimento científico acumulado trazem bons argumentos para a retomada das aulas presenciais.

Por que reabrir:

  • Menos casos
  • Menos vulnerabilidade
  • Menos transmissão

Por exemplo, crianças são significativamente menos suscetíveis ao vírus. Representam apenas 2,4% dos casos globais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença também é menos agressiva com elas até do que o influenza, vírus da gripe. Nos Estados Unidos, a morte de crianças por Covid-19 era 2,2 menor até agosto, com 47 óbitos contra 107 da gripe comum. As evidências nas escolas reabertas em outros países também mostram que crianças e adolescentes contribuem pouco para a cadeia de transmissão do coronavírus. Um estudo produzido na Islândia com 40 mil jovens, apontou que o ritmo de contaminação abaixo dos 15 anos era metade do verificado entre adultos. Do ponto de vista econômico, que também deve ser levado em conta, existem duas consequências graves do fechamento de escolas.

Danos: 

  • Mais desigualdade
  • Queda do PIB

Uma é o aumento da desigualdade. Alunos mais pobres, como deu para verificar nos últimos meses, têm menos acesso à educação a distância. Faltam computadores, celulares, e também conexão à internet. As mães, muitas vezes a única fonte de sustento para a família, precisam se sacrificar profissionalmente para cuidar deles. Como consequência, estão ficando para trás na recuperação da economia. Com a escola fechada, a rede de apoio às famílias desaparece, assim como aumenta a violência contra crianças. No Rio de Janeiro, segundo dados do Ministério Público Estadual, cresceu 50%. Além disso, existe o impacto direto na economia. A educação paralisada pode ter um custo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), apontou um levantamento do Brookings, grupo de pesquisas americano. Há ainda o efeito na saúde mental. Nos Estados Unidos, houve um agravamento dos sintomas em 83% das crianças com problemas psiquiátricos. E também da gravidez precoce. Em Serra Leoa, país pobre da áfrica, o aumento foi de 65%. Não quer dizer que o risco é zero. Mas com protocolos como turmas reduzidas, aulas em dias alternados, distanciamento e verificação de sintomas, a experiência internacional é de que dá para manter as escolas abertas aqui no Brasil. E evitar um dano maior: o futuro de nossas crianças e adolescentes ameaçado.

 

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