Traficantes, ditadores e corruptos: O escândalo do Credit Suisse
Reportagem feita por 160 jornalistas e 43 órgãos de imprensa afirma que banco abrigou cerca de US$ 8 bilhões de nomes como Carlos Luis Aguilera Borjas, ex-aliado do governo de Hugo Chávez, entre outros
Escândalos financeiros raramente alcançam a repercussão de uma crise como a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas em meio à crise, um caso também tem chamado atenção, já que envolve um dos maiores bancos do mundo. Segundo a denúncia de um consórcio internacional de imprensa, a tradicional instituição suíça Credit Suisse abriga ou abrigou US$ 8 bilhões de traficantes, ditadores, políticos corruptos e torturadores. Entre os nomes citados, está o de Carlos Luis Aguilera Borjas, um ex-aliado do governo de Hugo Chávez, na Venezuela. Foi chefe da polícia política.
Ele teve, segundo a investigação, quase US$ 8 milhões depositados numa conta na Suíça. O banco também teria sido leniente com um caso de corrupção na PDVSA, a maior empresa do país. A Venezuela forma junto com o Egito a dupla de países com mais presença na lista vazada, com 2 mil nomes cada. No caso egípcio, uma das contas era do ditador Hosni Mubarak, morto há 2 anos e que governou o país com graves violações dos direitos humanos por 3 décadas, até 2011. Outro nome famoso é do rei Abdullah, da Jordânia, que chegou a ter US$ 223 milhões depositados.
Mas também há mafiosos lavando dinheiro e até uma conta do Vaticano, usada em investimentos fraudulentos. Fora, políticos de vários países, mas nenhum brasileiro, pelo que se sabe. O banco se defendeu dizendo que é criterioso com a gestão de risco e que muitas das contas denunciadas estão fechadas há bastante tempo. Mas o fato é que a reportagem, que envolveu 160 jornalistas e 43 órgãos de imprensa, é implacável, mostrando que o Credit Suisse teria a prática de olhar para o lado quando o dono da conta possui uma alta soma depositada.
O mercado europeu levou a sério as denúncias. Somando a segunda-feira e ontem, as ações do banco suíço fecharam com queda acumulada de mais de 3%. E o escândalo é mais um problema para o Credit Suisse menos de um ano depois de ter sofrido um prejuízo de US$ 5 bilhões com as operações de um especulador dos Estados Unidos. Sem contar que, nos últimos anos, o banco foi acusado de não agir em outros casos, inclusive com um cliente envolvido no escândalo de corrupção na Fifa, que levou à prisão de dirigentes esportivos no mundo todo. Ou seja, já estava na defensiva, e deve ficar mais ainda agora.
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