Romário ficou de fora da convocação de 2002, apesar do apoio de FHC

Embate entre o jogador e o técnico Felipão foi decisivo para que o atleta ficasse de fora

  • Por Thiago Uberreich
  • 22/09/2025 09h00
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Mônica Zarattini/Estadão Conteúdo Brasil, São Paulo, SP, 25/04/2001. Romário, atacante da Seleção Brasileira, se livra da marcação do peruano Ciurlizza (22) em partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 na Coréia/Japão, entre Brasil e Peru, realizada no Estádio do Morumbi. Romário disputa jogo das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002, contra o Peru, no Morumbi

Uma polêmica que movimentou o Brasil em 2002 foi a não convocação de Romário para a Copa. Até o presidente da República entrou no debate. Em fevereiro daquele ano, em uma viagem à Polônia, Fernando Henrique Cardoso foi questionado pelos repórteres se desejava que o “Baixinho” fosse ao Mundial: “Eu sou Romário. Sobre isso não há dúvida. O resto eu não respondo. Romário, eu sou”. Na época, a imprensa especulou que a frase foi uma retribuição a um ato do jogador. Em 1999, quando o Real sofreu uma forte desvalorização, Romário marcou um gol pelo Flamengo e mostrou uma mensagem estampada na camisa por baixo do uniforme: “Eu sou FHC”.

Envaidecido pela fala do presidente, Romário fez um agradecimento público: “Fico muito feliz com a lembrança do presidente. Vou continuar jogando, mantendo a minha performance dentro de campo, pois é isso que pode me levar à seleção e à Copa. Todos sabem que esse é o meu grande desejo neste ano”. Guardadas as devidas proporções, o caso relembrou as pressões do então presidente militar Emílio Garrastazu Médici sobre o técnico João Saldanha para a convocação de Dadá Maravilha. Já em 1970, ano da Copa, no México, o treinador era Zagallo. O jogador do Atlético-MG foi convocado, mas não entrou em campo. 

Havia muita pressão para que o técnico Luiz Felipe Scolari chamasse Romário. A cada convocação, o treinador deixava o artilheiro do Vasco a ver navios e declarava que “não ia convocar ninguém na marra”. O treinador não gostava de declarações do tetracampeão. Em uma entrevista à IstoÉ, Romário afirmou que empresários e padrinhos ditavam as convocações da seleção. Talvez arrependido, meses depois, sonhando com a ida para a Copa, o “Baixinho” amenizou: “Eu disse que durante muito tempo as convocações aconteciam assim, por meio de padrinhos e empresários. E eu sei disso porque sempre pertenci à seleção. Agora, com o Felipão no comando, eu sei que isso não acontece mais”. Até um caso que Romário supostamente teve com uma aeromoça, a caminho de Montevidéu, para o duelo contra os uruguaios pelas Eliminatórias, teria sido motivo para ele não ser mais convocado.  

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Ainda no período das Eliminatórias, Felipão deu uma entrevista a uma repórter do jornal italiano La Repubblica e foi questionado se Romário poderia estar na Copa: “Não sou o único que teve problemas com Romário. A verdade é que há jogador que não se comporta bem, que não se sente à vontade em grupo, que envenena o ambiente, que acha que o passado é mais importante que o futuro e que, no final das contas, irrita todo mundo. […] São como corvos rodeando a sua cabeça”.

Mesmo sem Romário, a seleção conquistou o inédito pentacampeonato em 2002. O treinador brasileiro manteve suas convicções até o fim e não levou o jogador para o Mundial na Ásia. Brilharam Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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