Comissão de Ética do Senado se reúne para decidir sobre André Vargas

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2014 11h04

Reinaldo, o deputado André Vargas está por um fio, será que renuncia hoje? Se ele o fizer, ainda pode se candidatar?

A Comissão de Ética do Senado se reúne hoje para decidir se abre o processo por queda de decoro parlamentar contra o deputado André Vargas, do PT do Paraná, que já foi um dos homens mais poderosos do partido e hoje é apenas, como já comentei aqui, um cadáver adiado que procria, para lembrar um poeta. Olá ouvintes e amigos da Jovem Pan.

Vargas está, como destacou o próprio Lula, gerando problemas também para o seu partido. A abertura do processo é certa. Se aberto, haverá sim a recomendação para que seja cassado. Com o fim do voto secreto, de acordo com a nova regra, duvido que escapasse. Mas acho que não se chegará a tanto, Vargas deve renunciar antes disso.

Agora é o próprio PT que o quer fora da Câmara. Lembre-se, ele é nada menos do que vice-presidente da Casa e do Congresso. Nesta terça o deputado Vicentinho, líder do partido, concedeu uma entrevista em que afirmou que seu parceiro está sim pensando na renúncia. E chegou a usar uma frase que tem história: “Ele está absolutamente convencido de sua inocência”.

Quando estourou o escândalo do mensalão, disse José Dirceu: “Eu estou a cada dia mais convencido da minha inocência”. É a mesma coisa, eles não aprendem nada, nem esquecem nada. Se Vargas renunciar pode se candidatar nas eleições deste ano? A resposta é “não”.

A Lei da Ficha Limpa alterou a redação da lei complementar número 64, de 1990, que passou a contar com a linha “k”. E o que ela diz? “São inelegíveis, entre outros cargos, os membros do Congresso Nacional que renunciarem aos seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura  de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal. Neste caso, são inelegíveis por oito anos, subsequentes ao término da legislatura”.

Logo, Vargas deveria ter renunciado antes de os partidos de oposição entrarem com a representação no Conselho de Ética. Agora não dá mais tempo. Se renunciar ou for cassado estará inelegível por mais oito anos, a partir de 2015. A punição só termina, portanto, no fim de 2022, incluindo este ano. Só poderá voltar a disputar um cargo público nas eleições municipais de 2024, daqui a dez anos. A política agradece, não é mesmo?

Nunca se esqueçam, Vargas é aquele senhor que fazia loby no Ministério da Saúde, então comandado pelo petista Alexandre Padilha, em favor do doleiro Alberto Yousseff, que lhe prometeu a sua independência financeira. Padilha, candidato ao governo de São Paulo pelo PT, é sim amigão de Vargas. No site da Jovem Pan vocês encontram um vídeo em que o então ministro pede votos para o deputado, ora, enforcado.

Nesta terça, diga-se, a Folha revelou que Vargas e Yousseff são réus num outro processo, que corre na Justiça de Londrina desde 1999. O chamado caso Ama Conurb, é o maior escândalo de corrupção da cidade, base política do deputado. No fim da década de 1990, ao menos 14 milhões em valores da época, teriam sido desviados em licitações fraudulentas.

Parte desse dinheiro teria ido parar nas mãos de Vargas, que coordenava as campanhas locais dos petistas. Para arrematar, descobriu-se agora que a intimidade com Yousseffe era de tal sorte que um irmão de Vargas também prestou serviços para o doleiro. A coisa é antiga, como dizia o meu querido poeta latino Catulo: “É difícil renunciar subitamente a um grande amor”, não é mesmo deputado?

 

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