Como? “Negro, gay, MAS contra cotas e livre da pauta LGBT?” O que esse “mas” faz aí. Ou: O acerto do MBL
Se é mentira que o PSOL cresceu — o partido, na verdade, encolheu —, é verdade que o Movimento Brasil Livre foi muito bem sucedido nas eleições.
O movimento conseguiu eleger sete vereadores. Atenção, os eleitos abaixo são membros do grupo:
– Fernando Holiday (DEM) – São Paulo (SP);
– Marschelo Meche (PSDB) – Americana (SP);
– Carol Gomes (PSDB) – Rio Claro (SP);
– Filipe Barros (PRB) – Londrina (PR);
– Homero Marchese (PV) – Maringá (PR);
– Ramiro Rosário (PSDB) – Porto Alegre (RS);
– Leonardo Braga (PSDB) – Sapiranga (RN)
Além disso, o MBL fez mais seis suplentes:
– Paulo Filippus (DEM), em Gaspar (SC);
– Carol De Toni (PP), em Chapecó (SC)
– Gil Corrêa (PSDB), em São João Del Rei (MG);
– Gabriel Neubert (PP), em Capão da Canoa (PR);
– Douglas Godoy (DEM), em Irati (PR)
– Ronald Tanimoto (DEM), em São Paulo (SP)
O movimento apoiou ainda explicitamente as respectivas candidaturas a prefeito, que estão no segundo turno:
– Nelson Marchezan (PSDB), Porto Alegre (RS);
– João Leite (PSDB), Belo Horizonte (MG)
– Luiz Fernando Machado (PSDB), Jundiaí (SP);
– Orlando Morando (PSDB), São Bernardo (SP);
– Paulo Serra (PSDB), Santo André (SP).
Multipartidário
Como? Então candidatos do MBL se espalham pelos vários partidos? Sim, é isso mesmo. E entendo ser o certo. Isso nada tem a ver com aparelhamento. As legendas sabem que os membros do MBL integram o partido para defender a pauta liberal do movimento. Mais: sempre tiveram a clareza de que, se eleito, o vereador — ou que cargo tenha — não se obriga a defender a plataforma do partido. Seu compromisso é com as teses do movimento.
Peguem o caso de Holiday, um dos coordenadores nacionais do MBL, que foi muito bem votado: 48.055 votos. Sempre esteve claro ao DEM e aos que escolheram o seu nome que suas bandeiras são as do MBL.
Chegou a hora de os liberais optaram pela “Longa Marcha Pelas Instituições”. É preciso estar presente nos partido e organismos que não são de esquerda e que propugnam por novos valores. É preciso participar, sim, da guerra cultural, ora.
Tratei desse assunto no programa “Painel”, da Globo News, que foi ao ar nos primeiros dias deste ano. O vídeo segue abaixo, a partir de 28 minutos.
Há quem acredite em estridência, gritaria, xingamento e espontaneísmo. E há quem aposte em trabalho e em estratégia. O MBL está no caminho certo, acho eu.
Coisas da imprensa
O Estadão desta terça traz um reportagem com jovens vereadores eleitos. Holiday está entre eles. Achei curiosa uma observação que lá está, segundo a qual ele é negro e gay assumido, mas não adota a pauta LGBT nem é favorável a cotas.
Que coisa, né?
Porque é gay deveria adotar a pauta LGBT? Tal pauta é de todo mundo que nasce gay ou expressa o entendimento de um setor da militância, geralmente de esquerda? Ora, Fernando é um liberal.
Há mais: então ele não nasceu como os bebês brancos, que vêm ao mundo como “tabula rasa”? Crescendo, vão escolher se são contra as cotas ou a favor, de direita ou de esquerda, corintianos ou palmeirenses.
Não! Como nasceu negro, Fernando já deveria ter vindo com um programa pré-instalado: “pró-cotas”. Bebê preto tem de vir com conteúdo!!!
Por que a imprensa não para com isso, hein?
Fernando é o mais jovem vereador a ser eleito em São Paulo: negro, gay, contra cotas e independente da pauta LGBT. São elementos coordenados por adição, não por adversativas.
É PRECISO MUDAR ESSA GRAMÁTICA DO PRECONCEITO QUE SE FINGE DE LIBERTÁRIA!
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