Conspiradores da Lava Jato são como coiotes contra o Papa-Léguas
Durou cerca de três horas proposta legislativa para que os presidentes da Câmara e do Senado fossem beneficiados por uma regra que vale ao presidente da República, de que não poderiam ser processados no curso do mandato por crimes cometidos no mandato passado. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) foi apresentada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), o mesmo que foi flagrado no áudio de Sérgio Machado falando que algo deveria ser feito para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato.
Era uma proposta com impacto direto nessa investigação. A PEC beneficiaria diretamente Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), citados na Lava Jato por atos supostamente cometidos no mandato anterior, que se encerrou em 2014.
Tão espantosa quando a proposta, foi a lista de apoiadores: vários próceres tucanos, como o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o ex-líder da sigla e vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o presidente do DEM, José Agripino, entre outros.
Diante da denúncia da imprensa, Eunicio oliveira pediu para que Jucá recuasse, o que ele fez contra a vontade.
Coiotes
Os conspiradores contra a Lava Jato são como o Coiote do desenho, que sempre tentam pegar o Papa-Léguas, mas nunca dá certo.
Todos estão vigilantes.
O Congresso está disposto a por algum freio de arrumação na Lava Jato, mas tem dado sistematicamente errado.
Mesmo os membros do Supremo que defendem, por questão dogmática do Direito, a diferença entre punições de casos mais grave de enriquecimento ilícito e de propina daqueles de caixa dois têm dificuldade de fazer tese ser entendida por uma sociedade que está muito irritada com a política.
O Supremo manteve a prisão de Eduado Cunha. Sergio Moro na semana anterior tinha justificado as razões pelas quais mantinha Cunha preso, astutamente.
Hoje o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima fez também um artigo também falando sobre essas tentativas de tolher a Lava Jato
Novo ministro da Justiça?
A escolha por Michel Temer do novo ministrod a Justiça srá uma tentativa do presidente de rever parte de sua popularidade.
Temer é visto por uma boa parte da sociedade como um presidente refém de políticos envolvidos na Lava Jato, sendo ele próprio citado. Agora, procura nomes para substituir Alexandre de Moraes.
O provável novo ministro da Justiça é o ex-presidente do STF Carlos Velloso, que já disse que a Lava Jato é intocável, e é respeitada pelo Supremo e pela atual presidente Cármen Lúcia.
Cogita-se levar um nome forte para a pasta da Secretaria Nacional da Segurança Pública. José Beltrame, ex-secretário de Segurança do Rio, é cotado, mas pode ser desgastado pelo desgaste político que poderia trazer ao governo Temer. Seria como “levar Sérgio Cabral”, ex-governador fluminense que nomeou Beltrame em 2006 e hoje está preso na lava Jato, para a esplanada dos ministérios.
Velloso deu entrevista logo em seguida ao Jornal da Manhã e, falando já como se fosse ministro da Justiça, disse que faria tudo para acabar com o foro privilegiado. Veja os detalhes AQUI.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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