As convicções e as paixões são perigosíssimas

  • Por Jovem Pan
  • 01/04/2016 14h20
Ex-campo de concentração nazista de Auschwitz, em Oswiecim, na Polônia. 16/04/2015 REUTERS/Lukasz Krajewski/Agencja Gazeta Reuters Ex-campo de concentração nazista de Auschwitz

Joseval Peixoto abordou o tema da “verdade” e das convicções em seu comentário final no Jornal da Manhã. 

Primeiro, ele contou a fábula dos sete cegos indianos. Eles não conheciam o elefante, tocaram o animal e tiveram, cada um, uma visão parcial do que viu. O que tocou a barriga disse que parecia uma parede. O tocou a presa pensou ser uma lança. O que tocou a tromba achou que era uma cobra mansa, ou que não tinha dentes. O que tocou as orelhas imaginou que fosse uma cortina ambulante. O que tocou a cauda garantiu: é uma espécie de corda. O que tocou a perna imaginou que fosse um poste.

O sétimo pediu para uma criança desenhar no chão o elefante e teve uma visão global do animal.

Na análise do processo criminal, os juizes conhecem a lição de Malatesta, em que a testemunha nem sempre mente. Às vezes ela tem uma falsa apreensão da verdade.

Nietzsche era cético e contra as convicções. O filósofo a chamava de mais inimiga da verdade que a própria mentira. 

As convicções e as paixões são perigosíssimas.

Nazistas tinham convicção plena de que estavam com a razão e causaram uma guerra com 50 milhões de mortos.

Os romanos brincavam: a verdade está no vinho.

O jurista Goffredo Silva Telles deu uma aula maravilhosa sobre a verdade: a verdade e a beleza são irmãs, dizia.

Kant era mais cético que Nietzsche. Para ele, a verdade não existia e sim uma apreensão do fenômeno, um pequeno setor de visão do homem, 90º dos 360º da circunferência. O resto seria desconhecido, o noúmeno.

Mas como noúmeno, para Kant, o noúmeno era comparado a Deus, Joseval fecha o jornal com a verdade de Cristo, que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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