Corrupção direciona mais recursos para lavagem de dinheiro que o tráfico de drogas
Fala-se muito em muito dinheiro. Realmente, a corrupção representa algo muito significativo no ponto de vista dos valores?
Uma reportagem do Estadão mostra, neste domingo, que só nos inquéritos em curso a PF apura atualmente desvios de 43 bilhões de reais dos cofres da união. 19 bilhões de reais se referem às perdas da Petrobras investigadas na operação Lava Jato.
Esse valor é o triplo do admitido até agora na Estatal. O valor recuperado, bloqueado,é por hora de 2 bilhões e meio, ou seja, dez por cento, digamos assim. Oito vezes mais do que o valor de bens apreendidos de traficantes em todo o ano passado.
De acordo com um dos chefes do combate à corrupção na PF, que tem feito um belo trabalho na Lava Jato, o dinheiro sujo hoje no Brasil, não é só droga, é principalmente desvio de recursos públicos, por que é muito fácil.
A lavagem de dinheiro é assustadora. E aí o grande sucesso do juiz federal Sergio Moro. Ele é hoje, certamente, o maior especialista na justiça brasileira em lavagem de dinheiro e um dos maiores do mundo.
É um discípulos de Falconi, o famoso juiz que liderou a operação Mãos Limpas na Itália. Segundo Ricardo Saad, essa constatação resulta de mudança de foco.
Segundo ele, antes, tinha essa percepção de que o tráfico era o que mais lavava dinheiro. Hoje as autoridades se voltam mais a combater a corrupção, e o número de processos está muito elevado.
Então é realmente assustador saber que essa sofisticada industria da lavagem de dinheiro, a serviço de políticos, empresários de servidores públicos ladrões, tem uma estrutura tão forte, tão profissional, que os crimes contra administração pública direcionam mais recursos para lavagem do que o tráfico de drogas. Não é mesmo uma coisa assustadora?
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