Costa afirma que Sérgio Guerra, que está morto, pediu propina

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 17/10/2014 11h34
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Reinaldo, Paulo Roberto Costa teria dito que Sérgio Guerra, que era presidente do PSDB e já está morto, pediu propina de R$ 10 milhões à quadrilha da Petrobras. E aí?

A presidente Dilma Rousseff e o comando do PT criticaram a decisão do juiz Sérgio Moro, que tornou disponível um áudio com um dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, sobre uma investigação que não estava sob sigilo de Justiça. Vale dizer: a divulgação é absolutamente regular. Mas certamente não vão reclamar de um vazamento que veio a público, pinçado com lupa, de parte da delação premiada, esta, sim, protegida por sigilo de Justiça: Paulo Roberto Costa afirmou que, em 2009, o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, exigiu propina de R$ 10 milhões para pôr um ponto final da CPI da Petrobras, que foi encerrada, sem nenhuma conclusão, no dia 18 de dezembro de 2009. O dinheiro seria para campanhas eleitorais do partido. Guerra morreu no dia 6 de março de 2014. Pode ser? Que se investigue, ora! Os petistas estão ouriçados. Tudo o que excita a sua imaginação e a sua fúria é a máxima de que “somos todos iguais e corruptos”.

Alguém poderia indagar: “Ah, mas agora vão acusar um morto?”. Não interessa. A acusação diz respeito a quando ele estava vivo. Em nota oficial, a legenda escreveu: “O PSDB defende e quer rigor na apuração de qualquer denúncia que envolva filiados que ocupam ou ocuparam qualquer cargo do partido”. Ponto. É assim que se faz.

De todo modo, peço que vocês prestem atenção em algumas considerações. A CPI da Petrobras instalada em 2009 no Senado para apurar irregularidades na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tinha 11 membros. Sabem quantos eram da oposição? Apenas três: além de Guerra, estavam lá Álvaro Dias (PSDB-PR) e ACM Jr. (DEM-BA). O governo tinha uma maioria esmagadora para fazer o que bem quisesse, inclusive enterrar a investigação, como se fez. Por que o esquema pagaria R$ 10 milhões para um Sérgio Guerra que não tinha poder nenhum? Paulo Roberto teria dito que a Queiroz Galvão pagou o valor pedido. A empreiteira nega.

Mais: quando os governistas decidiram enterrar a comissão, o PSDB expressou o seu repúdio e fez um relatório paralelo com 18 representações ao procurador-geral da República. Era a época em que o petista José Sérgio Gabrielli tinha mais poder na Petrobras do que os Irmãos Castro em Cuba. O presidente da empresa, então, costumava ser extremamente malcriado com jornalistas, certo de que não tinha contas a prestar a ninguém.

Atenção agora a estas relações intrincadas. Na suposta conversa com Paulo Roberto, que era, à época, diretor de Abastecimento da Petrobras e presidente do Conselho de Administração da refinaria Abreu e Lima, Guerra estaria acompanhado do deputado federal Eduardo da Ponte, do PP de Pernambuco. O contato do então senador na empresa seria Armando Ramos Tripodi, que era chefe de gabinete de… Gabrielli. Nesse caso, então, uma operação suja supostamente proposta pelo presidente do PSDB passaria por um homem de confiança de Gabrielli, o petista. Não é muito verossímil. Se é ou não verdade, que se investigue. Ah, sim: Tripodi é hoje gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras.

Que o PSDB não pisque um só segundo e defenda uma profunda investigação. Reitero que pagar propina a membros da oposição na CPI em 2009 seria o mesmo que fazê-lo a oposicionistas da CPMI de hoje. Pergunto: pra quê? Isso, no entanto, não importa. Que se vá até o fim. Que não se use essa questão para igualar todo mundo e provar que, no fundo, todo mundo é ladrão. Uma ova!

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