CPI pode ser instrumento de democracia ou de chantagem

  • Por Jovem Pan
  • 24/02/2015 07h47
BRASÍLIA, DF - 05.02.2015: CÂMARA/DF - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), faz a leitura do ato de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no plenário da Casa, em Brasília, nesta quinta-feira. (Foto: Renato Costa/Frame/Folhapress) Renato Costa/Frame/Folhapress O presidente da Câmara dos Deputados

Reinaldo, então Dilma resolveu se reaproximar da cúpula do PMDB?

É o que nós vamos ver. Já chego lá. Peemedebistas jantaram na noite desta segunda com a trinca que cuida da economia e com o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil. Trata-se de uma aproximação com vistas à aprovação das duas Medidas Provisórias do ajuste fiscal. Haverá algo mais do que isso? É o que se verá. Não falta quem veja com desconfiança a instalação, na próxima quinta, da nova CPI da Petrobras na Câmara. Alguns petistas inconformados acham que Eduardo Cunha, presidente da Casa, usará a investigação para enfiar a faca no pescoço do governo. Se for, a gente terá como saber. Os seus primeiros movimentos na presidência da Câmara têm sido impecáveis. O futuro dirá.

Nesta segunda, o PMDB definiu quem será o presidente da CPI: trata-se do jovem deputado Hugo Motta, da Paraíba, que tem apenas 25 anos e está em seu segundo mandato. É, sim, um aliado de Cunha. A relatoria ficará com um petista. O PSDB terá a vice-presidência. Vai ser para valer?

Em entrevista à VEJA.com, Motta afirmou (leia post): “Da nossa parte, terá disputas se o PT não quiser investigar. Vamos cumprir o regimento e o papel que a CPI terá de ter”. Como observa a reportagem do site, no comando da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, no ano passado, ele não deu mole para o governo, Motta batalhou e conseguiu aprovar as convocações de Graça Foster, então presidente da Petrobras; de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional, investigado na Operação Lava-Jato, de Guido Mantega, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras e ministro da Fazenda; de Arthur Chioro (Saúde) e de Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

A partir de quinta-feira, então, teremos a chance de verificar a honestidade de propósitos. É evidente que o petismo tudo fará para que também essa comissão malogre e nada se investigue. O presidente de uma CPI não pode tudo, mas tem bastante poder, especialmente para evitar manobras que busquem transformar a comissão num circo.

Observe-se o óbvio: o PT lutou bravamente contra a instalação da comissão e, na relatoria, claro!, fará o que estiver a seu alcance para sabotá-la. Até agora, Cunha tomou decisões que, com efeito, lembram um poder realmente independente. Vamos torcer para que a boataria espalhada por petistas esteja errada, de sorte que a CPI sirva como um instrumento do Parlamento e da democracia, não da chantagem.

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