Crise na Venezuela destrona o Brasil em capa da “The Economist”

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 08/02/2016 15h13
CAR05. CARACAS (VENEZUELA), 29/12/2015.- El diputado opositor venezolano Henry Ramos Allup asiste a una rueda de prensa de la alianza Mesa de la Unidad Democrática hoy, martes 29 de diciembre de 2015, en Caracas (Venezuela). La alianza partidista de la oposición venezolana aseguró hoy que el oficialista Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) impugnó el triunfo de 8 de sus 112 candidatos ganadores en los comicios parlamentarios del pasado 6 de diciembre. EFE/Fabiola Ferrero EFE Henry Ramos Allup

Na sua edição corrente, a revista The Economist poupou o Brasil, depois de tantas edições sobre a degringolada da pátria. Sobre América Latina, a influente publicação preferE dar destaque a um país em uma situação ainda mais desoladora e inquietante. O ouvinte sabe de que país eu estou falando. Claro que da Venezuela.

O começo da reportagem é ilustrativo. Em uma quinta-feira, apenas seis pessoas esperam a abertura do antigo museu militar em Caracas, convertido em mausoléu de Hugo Chávez, o caudilho que morreu em 2013. Do outro lado da rua, cerca de 120 pessoas na fila para comprar alimentos em um supermercado estatal.

As duas cenas têm lugar em um distrito da capital que costumava ser baluarte do chavismo, mas tudo mudou com a queda vertiginosa dos preços do petróleo e o desgoverno de Nicolás Maduro, o patético e perigoso sucessor de Chávez. Querem se impressionar? Pela projeção do FMI, a inflação em 2016 vai passar de 700% e a contração do PIB será de 8%.

Ironicamente, uma melhoradinha. A contração foi de 10% em 2015. Podemos garantir que existem desgovernantes ainda piores do que Dilma Rousseff. E muito inquietante é a previsão de que o desabastecimento, que explica as filas nos supermercados, irá se agravar em março, E isto num cenário de crime descontrolado.

No cenário político, não é difícil explicar a vitória da coalizão de oposição nas eleições parlamentares de dezembro, enquanto de forma indecente o chavismo faz o que pode para sabotar a vontade do povo. Instituições como o Supremo Tribunal estão aparelhadas e Maduro decretou estado de emergência econômica, rejeitado pela Assembleia Nacional.

O novo presidente da Assembleia, o oposicionista Henry Ramos, deu seis meses ao governo para resolver a crise econômica. Em caso contrário, remoção por meios constitucionais. Temos, portanto, um horizonte cada vez mais tempestuoso.

A oposição em geral e alguns setores chavistas ainda sensatos acreditam que apenas uma transição negociada pode evitar um banho de sangue. Existe uma desesperada corrida contra o relógio, além desta corrida aos supermercados carentes de produtos.

Como pergunta o jornal americano The Washington Post: a questão é se o colapso total na Venezuela vai acontecer antes na economia ou no governo?

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