A culpa da crise hídrica é de quem não soube governar

  • Por Jovem Pan
  • 05/02/2015 12h01
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Reinaldo, então o Brasil precisa de um ministro da Chuva?

Ai, ai, vamos lá. Quando, no ano passado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que São Paulo passava pela maior seca em 84 anos – agora, já são 85 -, alguns mangaram dele. Inclusive a presidente Dilma Rousseff. Segundo a nossa governanta, a culpa pela crise hídrica do Estado era, claro, do governo e de quem não sabia planejar. Tivesse a soberana atentado para os dados com mais prudência, teria constatado que a falta de chuva acabaria, fatalmente, afetando o setor elétrico, especialmente num país em que mais de 70% da matriz, na geração elétrica, vem da água. Dilma não é culpada, claro, se não chove. Mas tem de responder por sua arrogância e pelo erro absurdo que cometeu ao baixar a tarifa de energia, antecipar concessões e quebrar o setor.

Vamos a alguns dados. Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema), a água das chuvas que alcançou os reservatórios das usinas em janeiro foi de apenas 38,04% da média histórica, o mais baixo em 84 anos. O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) trabalha com um índice prudencial para o risco de faltar energia. O consenso é que, se chega a 5%, o abastecimento está em perigo. Pois esse limite, meus caros, já foi ultrapassado em 46% e chegou ontem a 7,3% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Nota: o Sudeste responde por 49,21% do PIB brasileiro.

Prestem atenção a estes outros números. Segundo o ONS, os reservatórios, nesta quarta, estavam com 16,58% de sua capacidade nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e 16,10% na região Nordeste. No Sul e Norte, a coisa está mais tranquila: 58,16% e 34,29%, respectivamente. Para comparar: quando houve o apagão, em 2001, os reservatórios do Sudeste tinham quase o dobro de água: 31,41%.

Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, afirmou, no dia 22, que, se os reservatórios das usinas chegassem a 10% de sua capacidade de geração, teria de haver racionamento. Nesta quarta, a situação era a seguinte: Furnas: 9,35%; Três Marias: 10,62%; Três Irmãos e Ilha Solteira: 0%. Sim, zero. Não quer dizer que a água secou de tudo, mas que não se gera energia ali.

As coisas podem se complicar. Quem conhece a área aponta um outro problema. Parte das termelétricas que estão socorrendo o país está sucateada, e outra parte em vias de. A razão é simples: não foram feitas para operar o ano inteiro. Os apagões não virão só porque faltará energia, mas porque vai dar pau no sistema.

Vejam bem: Dilma vende a si mesma, desde 2003, como uma especialista em energia. Estamos nesta pindaíba. Assim, meus caros, eu resolvi apelar ao saber não convencional e selecionei para vocês um vídeo com uma Dança da Chuva, ocorrida na Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

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