Dá uma alegria imensa ouvir o CD de Luciana Rabello

Candeia Branca

Nêumanne, o que o surpreendeu positivamente em sua visita às lojas de CDs de São Paulo por esses dias?

É, eu estava na Livraria da Vila e resolvi comprar o cd de Luciana Rabello. Eu comprei o cd de Luciana Rabello porque, pouca gente sabe, mas Luciana Rabello pertence à uma estirpe de grandes músicos, de grandes cantores da música carioca. Ela tem uma carreira… Ela começou no conjunto dos Carioquinhas, em 76, formado por Paulo […], Celso Cruz, Celsinho Silva e, sobretudo, Mauricio Carrilla, que é seu parceiro até hoje, e pelo irmão dela, que já morreu e era um gênio, um gênio do violão, Rafael Rabelo. Ela é irmã de Lila, a mulher do Paulinho da Viola. E ela mesma é mulher de Paulo César Pinheiro – uma longa relação da qual já há 2 filhos -; é mulher e parceira.

O disco novo dela – esse que comprei, “Cadeia Branca” – é um disco de parcerias deles. A Luciana entra com essa tradição da família Rabelo que inclui Rafael Rabello, que é um gênio , que é um nome de destaque na história da música, e já outros membros que estão entrando aí, além dos irmãos dela – João Bosco Rabelo, que é jornalista; Rui Fabiano, que é um ótimo romancista, além de ser um excelente comentarista político. E a maturidade da Luciana, com sua bela voz e suas composições bem melódicas, se reflete nas 14 faixas do disco.

Agora, chama atenção também para o Paulo César, parceiro dela e marido. Paulo César Pinheiro começou muito jovem. Lembro da história de que o Vinícius tinha muito ciúme daquele menino que compunha com Baden Powell, que era o seu parceiro favorito lá do poetinha. Pois é, hoje, maduro, Paulo César Pinheiro é um gênio – não apenas da letra da música; também é um gênio do teatro, é um produtor absurdo de grande, grande produção de altíssima qualidade.

No disco, eu chamo atenção para “De onde veio o samba”, e chamo atenção também pra “Teu Amor”, uma delícia de confissão de felicidade no amor. Os antigos companheiros dos Carioquinhas participam da parte sonora do disco e a… os arranjos do Mauricio Carrillo, a participação de músicos, como a própria Luciana que toca cordas, é muito colaborativo para que se entenda a mensagem musical do disco. Tem muita beleza, muita brasilidade, muito talento e muita sensibilidade. No meio dessa mixórdia musical brasileira, o disco de Luciana Rabello brilha como um espécie de brilhante no meio do esterco, do curral da MPB.

Eu até queria lembrar que Luciana é descedente de um químico chamado Rabelo. Paraibano, que criou a Água Rabelo, que é um precursora da Panaceia Universal – curava tudo: de espinhela caída até câncer. E até hoje é vendida nas farmácias da Paraíba.

Pois é, o disco dela não cura nada, mas dá uma alegria imensa ouvir.