Dados os números, Doria já está com um pé da Prefeitura de São Paulo: em 1 mês, cresceu 25 pontos no Datafolha

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 27/09/2016 08h01
Reprodução/Facebook João Doria Jr. João Doria Jr. com material de campanha - REP FACE

Se a pesquisa Ibope divulgada ontem já era positiva para o tucano João Doria, a do Datafolha, publicada pela Folha na edição desta terça, consegue ser ainda melhor. O primeiro instituto conferiu 28% das intenções de voto para o tucano, em empate técnico com Celso Russomanno, do PRB com 26%. A peemedebista Marta Suplicy vem em terceiro, com 15%. A margem de erro é de 3 pontos. No caso do Datafolha, Doria está numa situação ainda mais confortável: também com margem de 3 pontos, ele aparece com 30%, seguido pelo candidato do PRB, com 22%. No Datafolha, igualmente, a peemedebista marca 15%, em empate técnico com Fernando Haddad, do PT, que oscilou de 10% para 11%. No primeiro instituto, Luíza Erundina, do PSOL, aparece com 4%; no segundo, mantém os 5%.

O cenário em favor de Doria também vai se revelando no segundo turno. No Ibope, ele fica numericamente à frente de todos os seus oponentes: 41% a 37% contra Russomanno; 45% a 33% contra Marta e 52% a 28% contra Haddad. O mesmo se verifica no Datafolha: o tucano marca 42% a 37% contra o peerrebista; 45% a 36% contra a peemedebista e 52% a 28% contra o petista.

As duas pesquisas, assim, são excelentes para João Doria e ruins para Russomanno e Marta, mas é evidente que a pemedebista tem mais o que lamentar. A serem verdadeiros esses números, ela ficará fora do segundo turno. E numa posição bastante complicada. As escaramuças com o PT no primeiro turno se exacerbaram, e ela se transformou num dos alvos de seus antigos companheiros. Da mesma sorte, um eventual entendimento com Doria também se mostra difícil: nesse caso, o conflito maior se dá entre seu vice, Andrea Matarazzo, e o candidato tucano. Descontente com o desenrolar da disputa interna no PSDB, Matarazzo deixou o partido e migrou para o PSD.

Mudança radical
O horário gratuito no rádio e na televisão completou um mês ontem. A mudança, como se nota, foi radical. Doria largou com 5% das intenções de voto no Datafolha. Ganhou nada menos de 25 pontos. Russomanno, cuja candidatura parecia a muitos imbatível, pode estar caminhando para uma nova derrota. Em 2012, largou na frente e nem chegou ao segundo turno. Agora, se nenhuma mudança radical se der em seis dias, vai para a segunda rodada, mas em situação bem mais frágil do que seu provável oponente.

Além da dianteira nos votos, Doria tem a seu favor uma rejeição muito menor: é de apenas 17% tanto no Ibope como no Datafolha. No primeiro instituto, dizem não votar em Russomanno 25% dos eleitores; no segundo, 30%. Marta é descartada por 32% dos que responderam à pesquisa Datafolha e por 28% dos consultados pelo Ibope, que aponta Haddad como o líder desse ranking negativo: 47% — no outro instituto, os que jamais escolheriam seu nome são 43%.

Acertos e erros de sempre
Como se explica o desempenho de Doria? Trata-se de um casamento das circunstâncias que não são da escolha do PSDB com outras que são. A política, hoje, não é considerada uma área muito salubre. O candidato do PSDB aparece como alguém que está fora do mainstream. Ele surge como uma novidade na política e também entre os tucanos. Querem ver? As últimas sete eleições em São Paulo, incluindo Estado e capital, foram disputadas ou por Geraldo Alckmin ou por José Serra: o primeiro disputou o governo e venceu em 2002, 2010 e 2014 e foi derrotado para a Prefeitura em 2008. O atual ministro das Relações exteriores venceu a eleição municipal em 2004, perdeu-a em 2012 e venceu a estadual em 2006. Doria é o primeiro nome novo que os tucanos apresentam em 14 anos.

Foi o governador Geraldo Alckmin quem transformou o empresário no nome do PSDB, mas este, não obstante, não surgiu como um tutelado, o que reforçou a ideia do novo. O candidato tucano também acertou ao não fazer concessões a alguns fetiches da administração de Fernando Haddad, que são populares entre jornalistas, mas repudiados por amplas camadas da população: o programa Braços Abertos (disse que vai acabar com ele), a redução da velocidade nas marginais e o bicicletismo militante.

Russomanno pode estar assistindo a um filme que já conhece. O deslize, desta vez, que fez com que começasse a derreter, atende pelo nome de Uber. Ao acenar com restrições ao serviço, parece ter mirado no apoio de 30 mil taxistas, mas ter-se descuidado de usuários. E acabou de enrolando de vez ao tentar explicar a sua sociedade no Bar do Alemão, em Brasília, despejado com dívidas de R$ 2 milhões só em aluguéis.

Embora fora do PT, parece que Marta não conseguiu descolar a sua imagem o suficiente do partido, ainda que hostilizada por seus antigos companheiros de jornada. Sua campanha não soube, até aqui, explorar como um dado positivo a sua experiência administrativa. As restrições que pesam contra o petismo certamente acabaram por contaminá-la.

Num cenário de mudanças tão bruscas, não dá, evidentemente, para cravar que Marta está fora do segundo turno, ainda que já estejamos na reta final. A esperança da peemedebista, parece, está em tentar convencer o eleitorado de Erundina e Haddad a fazer uma espécie de voto útil em sua candidatura para que seja ela a enfrentar João Doria no segundo turno. É evidente que ninguém mais duvida de que este estará na disputa final e de que são grandes as chances de que venha a ser o prefeito de São Paulo.

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