De que vale o mundo inteiro?
Abdullah Kurdi, o pai do menino sírio encontrado morto numa praia da Turquia semana passada disse que só tentou a travessia para a Grécia por causa dos filhos.
E o que não faria, que desertos, que infernos não atravessaria um pai, uma mãe por seus filhos?
Abdullah foi o único a sobreviver ao naufrágio na costa da Turquia. Vivia em Damasco, mas por causa da guerra, resolveu fugir do Oriente Médio. Para proteger a família, o pai pediu asilo ao Canadá, onde já vive uma irmã.
Mas, o país negou a entrada dos refugiados. Desesperado, sem ter para onde ir, Abdullah decidiu se aventurar no mar rumo à Grécia, e, então, seguir para a Alemanha.
Pagou um traficante de gente, entrou com a mulher e as duas crianças num barco frágil e superlotado, para um destino incerto.
Mas, o traficante abandonou os passageiros, em alto mar. O barco naufragou. O pai tentou salvar os filhos, mas era noite, o mar revolto… Aylan e Ghaleb lhe escaparam pelas mãos.
De manhã, o mar devolveu à praia os corpos que tragou. Aylan, o pequenino, foi encontrado de barriga para baixo, o rostinho branco recostado no chão, parecia dormir o sono dos justos.
Aquela imagem comoveu o mundo. Abrandou corações. Alemanha e Áustria abriram suas fronteiras. A Inglaterra mudou o discurso e anunciou que vai receber milhares de refugiados.
Mas, Abdullah, não se importa mais se terá ou não asilo. “Se me dão agora o mundo inteiro, de que me serve?” perguntou. Sem lar, sem nacionalidade, sem família, sem os filhos… o mundo dele também morreu.
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