Delação de Benedicto Júnior complica Aécio Neves
A delação de Benedicto Júnior já era considerada pelos investigadores da Lava Jato como uma das mais explosivas, depois da do ex-presidente Marcelo Odebrecht.
Benedicto foi presidente durante muitos anos do braço construtor do grupo. Com isso, muitas obras de governos estaduais foram financiadas, entre elas a grande obra da Cidade Administrativa de Minas Gerais, que custou R$ 2 bilhões aos cofres públicos e foi inaugurada no último ano da gestão de Aécio Neves (PSDB) em 2010.
A Folha de S. Paulo já havia tido acesso a parte dessa delação, em que o executivo dizia que Aécio decidiu quais empresas fariam essa obra. O escritório de Oscar Niemeyer não queria que qualquer empreiteira tocasse o projeto.
O ex-governador e atual senador tucano teria reunido as grandes empreiteiras e comandado uma fraude à licitação com um consórcio previamente escolhido, mediante promessa de propina de 2% a 3% nessa obra.
E como essa delação foi parar no processo contra a chapa Dilma-Temer? O advogado do PT Flávio Caetano aproveitou o testemunho de Benedicto Júnior sobre a propina para a campanha e fez também perguntas sobre o Aécio. O delator respondeu rapidamente pois logo foi interrompido pelo relator Herman Benjamin, que entendeu ser um objeto estranho à investigação da impugnação da chapa.
Benedicto relatou R$ 9 milhões para a campanha de Aécio em 2014. O dinheiro se destinaria ao pleito dele para a Presidência, de Pimenta da Veiga para o governo de Minas Gerais e de Antonio Anastasia para o Senado. R$ 3 milhões seriam para o marqueteiro de Aécio. Todos negam as acusações e Aécio disse que recebeu no caixa um da empresa. O presidente do PSDB também pede acesso à íntegra da delação para se defender.
Outra investigação
Aécio Neves já é alvo de um inquérito no STF que surgiu de roldão nas apurações da Lava Jato. Ele é acusado de receber propina pela manutenção de Dimas Toledo em diretoria de Furnas, na delação do lobista Fernando Moura. A informação foi confirmada na delação de Delcídio do Amaral.
Há também uma perspectiva de recall na delação da Andrade Gutierrez, que não citou a propina na Cidade Administrativa, apesar de ter feito parte do consórcio.
Aliados do mineiro dizem que se Aécio for incluído no turbilhão da Lava Jato, ficará difícil sua candidatura presidencial.
Aécio espera ser salvo na distinção entre os chamados “joio e trigo”, tese dos políticos que separa aqueles que “só” se beneficiaram de caixa dois e os que cobraram propina. Aécio Neves, no entanto, é acusado nas duas frentes.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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