Denunciar Trump sem tréguas é uma emergência, não uma postura partidária

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 17/10/2016 07h53
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EFE/TANNEN MAURY Donald Trump

Eu sou cobrado por gente isenta e não isenta para que seja “isento” no que falo e escrevo sobre a eleição americana. Perdão, não existe o outro lado. Existe Donald Trump e ele é o lado errado.

Mas, e a Hillary? Ora, ela hoje é o muro que nos protege da ameaça à civilização. E devemos usar a primeira pessoa do plural, pois o candidato republicano é uma ameaça a todos nós, ao mundo. E o Bill Clinton? Quem? Ele não é candidato a presidente dos EUA.

Mas, e os vazamentos Wikileaks, desmascarando Hillary, a farsante? Estou chocado, chocado. Hillary é uma política que mente, tem um discurso privado e um outro público. E, então? Patético e vexaminoso que tanta gente se delicie com os vazamentos, produzidos por um eixo que combina o serviço sujo de Julian Assange e Vladimir Putin para a campanha de Trump. Sim, este é o eixo da nova desordem mundial: Assange, Putin e Trump. Se eles estão do mesmo lado, é o lado errado. Devemos urgentemente cerrar fileiras contra este eixo.

Trump é mais do que um supositório retórico. Trata-se de uma ameaça genuína e a mais perigosa hoje em dia é o fato dele não aceitar a legitimidade da ordem democrática com suas hipérboles de que uma vitória de Hillary Clinton será uma fraude. O esgoto conspiratório de Trump não tem fundo, assim como sua diarréia verborrágica.

E se ele ficasse na verborragia, seria um mero, embora sórdido, reality-show. No entanto, Trump é esta ameaça em tantos níveis e em tantas dimensões. Eu poderia elaborar analiticamente, mas neste momento precisamos ser pessoais e passionais. Então, vamos lá. 

Trump me ofende e por ele sinto repulsa por uma pilha de motivos. Sou jornalista e ele ameaça a imprensa inclusive com incitamento à violência contra repórteres que cobrem seus comícios. 

Trump denigre minorias e mulheres. Eu sou brasileiro (latino), judeu, casado com uma filipina e pai de duas mulheres. Trump fede autoritarismo. Trump me insulta, pois eu sou um ser humano.

Denunciar Trump sem tréguas é uma emergência, não uma postura partidária ou ideológica. Basta ver o tom do historiador Sean Wilentz (professor da Universidade de Princeton). Gostei do termo no ataque direto: Trump é um “babaca choramingão”. No entanto, de novo, mais sinistro é o fato que ele represente a degradação, uma tentativa de “estupro” da democracia e não apenas de mulheres.

Parafraseando Lula, nunca na história dos EUA houve um candidato como Trump. Temo que não seja o último desta estirpe.

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