Depoimento de Odebrecht inviabiliza de vez chapa Dilma/Temer

  • Por Jovem Pan
  • 24/03/2017 10h25
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Fernando Bizerra Jr. / EFE Michel Temer e Dilma Rousseff durante evento em Brasília

Apesar de ter conteúdo já conhecido, o depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral complica a situação da petista e de Michel Temer.

Os primeiros vazamentos sobre o depoimento vieram da defesa de Dilma Rousseff e visavam a complicar Michel Temer e Aécio Neves. Vazaram perguntas que eles mesmos, advogados de Dilma fizeram, sobre recebimento de dinheiro por parte da campanha do tucano.

A íntegra dos depoimentos, agora, revela um domínio muito grande da Odebrecht sobre o governo, sobre campanhas desde 2006, mas sobretudo na campanha de Dilma Rousseff de 2014. Quando Marcelo Odebrecht diz que “inventou” a campanha de Dilma/Temer com a arrogância que não perdeu em dois anos de prisão, o empreiteiro diz que basicamente bancou sozinho, por meio de caixa dois e contas no exterior, a reeleição da presidente da República. Foi uma reeleição difícil, apertada, que contou com muitos recursos.

Foi mobilizada uma rede de pagamentos para garantir a reeleição, com apoio aos partidos que integraram a chapa em espécie e pagamentos a marqueteiros no exterior. Odebrecht diz que ela, em pessoa, Dilma, orientou para que os recursos fossem canalizados sobretudo à campanha presidencial, e não ao partido, e, assim, coloca a ex-presidente numa posição de mando nesse esquema de favorecimento, de abuso econômico em campanha, e de caixa dois.

Marcelo Odebrecht exime de participação direta Michel Temer na negociação de caixa dois ao PMDB. Mas a situação dele fica complicada, uma vez que a chapa está bichada, inviabilizada, e o relator da ação, ministro Herman Benjamin, não está muito disposto a separar as contas da presidente e do vice.

Herman Benjamin recusou pedido de Dilma de ampliar o prazo de oitivas e coletas de provas, pois se julga satisfeito com o manancial de provas que veio dos depoimentos da Odebrecht. Não tenho dúvida de que o relator será bastante duro. Ele vê esse como o processo da vida dele e tem ambições de chegar ao Supremo.

Falta se verificar o comportamento do resto da corte. Dois ministros serão substituídos ainda nos próximos meses. Enquanto o voto do relator deve ser pela cassação da chapa, pode haver um voto alternativo de alguém. Então, será averiguada se há maioria entre os outros dez ministros do TSE para mudar o entendimento já consolidada pela jurisprudência do tribunal de se separar os integrantes da chapa.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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