A derrota hoje do Hamas e amanhã de Israel

  • Por Caio Blinder
  • 29/08/2014 18h27
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O cessar fogo foi uma derrota humilhante para o Hamas, mas a derrota se avizinha também para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Não podemos ser enganados pelas imagens manufaturadas de celebração em Gaza, que se seguiram ao anúncio de cessar-fogo na terça-feira. O grupo terrorista que controla Gaza pode arrotar algumas vitórias: capacidade de disparar foguetes até o último momento, assim como de perseverança (ao preço de convidar Israel para empreender maciça destruição, além do custo humano).

Israel não quer destruir o Hamas. Quer, isto sim, enfraquecê-lo e manter uma política de dissuasão (conhecida como “aparar a grama”). O plano de Israel é manter o Hamas vivo para que sirva como um endereço de liderança em Gaza.

Agora, para a derrota. O Hamas faz promessas que não pode cumprir. Exige o fim do bloqueio de Gaza (com abertura de porto e aeroporto) e a libertação dos prisioneiros palestinos.

Basicamente, o Hamas aceitou na terça-feira os mesmos termos de cessar-fogo da guerra de 2012, mostrando-se incapaz de alterar o cenário político e de cerco por Israel e Egito, embora a guerra tenha causado tanta morte e destruiç ão.

E sobre a derrota de Israel, é o seguinte: Os mediadores egípcios (que detestam o Hamas e seus patronos da Irmandade Muçulmana) trabalharam com afinco ao lado de Mahmoud Abbas, líder palestino acampado na Cisjordânia, para costurar o cessar-fogo. Para Abbas, é uma forma de voltar ao centro do cenário, assim como com o seu plano de retomar negociações com Israel nos parâmetros conhecidos de penosas barganhas com vistas à criação de um estado palestino baseado nas linhas fronteiriças anteriores à Guerra de 1967.

E Abbas é a expressão da futura derrota de Israel.O Hamas não derrotou Israel e não tem como fazê-lo

No entanto, aqui vai o alerta: caso não ocorra uma guinada da política israelense em relação a Abbas, o cessar-fogo será basicamente isso: uma pausa até a próxima escalada, uma questão tempo.

Netanyahu prefere o controle do Hamas em Gaza a efetivas negociações de paz com Abbas. Israel não concede uma oportunidade para ele. O resultado será mais deterioração econômica em Gaza, o rearmamento do Hamas e uma nova rodada de conflito.

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