Desafiar o terror é melhor que se render a demagogias racistas

  • Por Caio Blinder
  • 16/06/2016 12h09
MIA09. JUPITER (FL, EE.UU.), 08/03/2016.- El magnate inmobiliario y aspirante presidencial Donald Trump habla hoy, martes 9 de marzo de 2016, tras imponerse en las elecciones primarias del Partido Republicano celebradas en Michigan (EE.UU.), llevándose así el estado más codiciado de la noche, según las proyecciones de los principales medios. Trump consiguió de esta manera la mayoría de los 59 delegados en liza en ese estado, insignia del antiguo apogeo industrial del país venido a menos con la desindustrialización y donde las encuestas ya le vaticinaban una importante ventaja frente a sus rivales. EFE/CRISTOBAL HERRERA EFE/CRISTOBAL HERRERA Magnata bilionário Donald Trump fala na Flórida nesta quarta (9)
 Amigos e parentes telefonam e mandam mensagens, algumas aflitas, me perguntando: Caio, você está com medo do terror? Você acha perigoso eu viajar para os Estados Unidos? Onde os terroristas e malucos vão atacar agora?

 
A resposta invariável que dou, desde os atentados de 11 de setembro de 2001, é uma para todas: o fundamental é desafiar o medo do terror e da morte tentando levar a vida normalmente. Precisamos aceitar as coisas com um certo grau de fatalismo. Jamais haverá segurança total contra o terrorismo ou contra o crime.
 
Os americanos não podem perder a proporção do perigo. Alguém como Donald Trump trata tudo de forma apocalíptica, parece que os terroristas estão tomando o país. O bilionário trata qualquer muçulmano como um cúmplice do terror. Na verdade, Trump sugere que o presidente Obama é cúmplice dos islâmicos, semeando o terror e o medo na população, armas mais que manjadas dos melhores demagogos. Falo melhores no sentido de serem efetivos no seu jogo de cena.
 
Parece-me elementar que, na luta contra o terror, não se decreta uma guerra contra uma religião. Foi o alerta de George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Bush fez uma grande bobagem com a invasão do Iraque em 2003, mas, em 2001, o então presidente americano agiu corretamente. Logo após os atentados, ele fez questão de ir ao centro islâmico de Washington para dizer que os muçulmanos não eram os inimigos.
 
Não sei onde e quando vai ocorrer o novo atentado, mas sua possibilidade será maior caso toda uma comundiade, toda uma religião, seja demonizada, como faz Trump. Ele é uma ameaça à segurança nacional.
 
Quando a gente lembra quais foram os últimos alvos do terror nos Estados Unidos, temos uma medida da dificuldade para antecipar quais serão os próximos, Em dezembro passado, foi uma repartição pública na cidade de San Bernardino, na Califórnia, e agora um clube gay em Orlando, na Flórida. Os assassinos foram cidadãos americanos e não terroristas treinados em alguma caverna do Afeganistão ou no deserto do Oriente Médio.
 
Existe uma ironia no fato do assassino de Orlando ter nascido no bairro do Queens, em Nova York, Quem mais nasceu no Queens? Donald Trump.

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