Dilma e Aécio Neves têm razões para comemorar e se preocupar; entenda
Reinaldo, a Folha publica hoje o resultado da pesquisa Datafolha. Por que você diz que Dilma, Aécio e Marina têm razões para comemorar e para se preocupar?
Vamos ver. A Folha desta segunda traz os números da mais recente pesquisa Datafolha para a corrida presidencial. Querem saber? Todos ― Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva ― têm motivos para comemorar um pouco e para se preocupar também. Vou dizer por quê.
Segundo os números apurados, se a eleição fosse hoje, Dilma, do PT, teria 36% das intenções de voto, marca idêntica à obtida há um mês, quando o candidato do PSB era Eduardo Campos. Também o tucano Aécio Neves fica no mesmo lugar: com 20%. E Marina? Ela ressurge na disputa com 21%, tecnicamente empatada com o candidato do PSDB ― há um mês, Campos tinha apenas 8%.
Se Dilma e Aécio não perderam votos e se Marina aparece com 13 pontos a mais do que Campos, de onde saiu essa diferença? Dos bancos/nulos e dos que não tinham candidato. Há um mês, 13% demonstravam a disposição de não votar em ninguém; agora, são apenas 8%. Os que diziam não saber eram 14%; agora, são 9%.
Conclusão óbvia: Marina, a candidata que mais se identificou com os protestos de rua iniciados em abril do ano passado beneficia-se, vamos dizer assim, do ódio à política e aos políticos.
No segundo turno, a estarem certos os números, há uma novidade importante. Marina Silva aparece em empate técnico com Dilma, mas numericamente à frente: 47% a 43%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Contra Aécio, a petista lideraria com 47% a 39%, com oito pontos de diferença.
Não dá para ignorar que a nova realidade é ruim para Dilma porque está eliminada, agora de modo inequívoco, a possibilidade de ela vencer no primeiro turno: seus adversários somam 46 pontos ― 10 a mais do que os seus 36. Ela tem ainda a lamentar a rejeição, que segue altíssima: 35% dizem não votar nela de jeito nenhum.
Resta o que a comemorar? Duas coisas: apesar da avalanche do noticiário, manteve seu patrimônio eleitoral no primeiro turno e se distanciou um pouco de Aécio no segundo. Também melhorou a avaliação do governo, segundo o Datafolha ao menos: ele é agora considerado ruim ou péssimo por 23% ― há um mês, eram 29%. Dizem ser bom ou ótimo 38% ― contra 32% em julho.
A exemplo de Dilma, Aécio conservou os pontos que tinha: 20%. Como a sua candidatura poderia ter sido a mais exposta a prejuízos em razão da entrada de um novo nome no terreno oposicionista, não deixa de ser positivo que tenha mantido o seu eleitorado. A diferença de oito pontos no segundo turno é ruim quando se compara com os apenas 4 do Datafolha anterior. No Ibope de há 11 dias, no entanto, era de 6 pontos. O patamar é o mesmo.
E Marina? Só recebeu boas notícias da pesquisa? Não custa lembrar que, no último Datafolha em que o nome dela apareceu, em abril ― antes que ficasse claro que o candidato seria Campos ―, ela chegou a marcar 27%.
O horário eleitoral começa amanhã. Dilma tem um latifúndio: 11min24s contra apenas 4min35s de Aécio e 2min3s de Marina. Mais: a candidata da Rede ― ora no PSB ― agora terá de falar o que quer. Como vice de Campos, ela se limitava a dizer alguns “nãos”.
A síntese das sínteses:
1: Dilma e Aécio certamente esperavam notícias piores;
2: Marina certamente esperava notícia ainda melhor;
3: o segundo turno já é uma realidade inescapável;
4: a estarem certos os números do Datafolha, o horário eleitoral começa com uma certa recuperação de prestígio do governo;
5: a rejeição a Dilma continua elevadíssima;
6: Marina e Dilma são certamente mais conhecidas do que Aécio, e o início do horário eleitoral pode ser, relativamente, mais positivo para ele do que para elas;
7: Estamos diante da disputa eleitoral de resultado mais incerto desde a redemocratização do Brasil.
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