Dilma e o PT veem fantasma do impeachment se agigantar; arrogância oficial cavou a derrota

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 09/12/2015 10h20
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BRASÍLIA, DF, 03.11.2015: EVENTO-DF - A presidente Dilma Rousseff participa da abertura da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), no Centro de Convenções de Brasília nesta terça-feira (3). (Foto: Alan Marques/Folhapress) Alan Marques/Folhapress Presidente Dilma participa da abertura da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

Atenção, meus caros! Desde que acompanho política, e comecei cedo, nunca vi tamanha incompetência de um governo, o que dá uma medida do que pode acontecer com o país caso, Deus nos livre!, Dilma permaneça na Presidência. O que o PT e a presidente viram nesta terça foi se agigantar o fantasma do impeachment ou, ainda pior, da ingovernabilidade. Vamos lá.

O governo esticou a corda e decidiu bater chapa com oposição e dissidentes pelo controle da comissão especial que vai analisar a denúncia contra a presidente. Bateu chapa e perdeu. Bateu chapa e perdeu feio. Bateu chapa e perdeu por 272 votos a 199. O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo. concedeu uma liminar que congela a decisão da Câmara. Mas isso não muda o vexame do Planalto.

Que coisa!

Se a base governista tivesse sido menos truculenta na formação da chapa oficial, é possível que não se tivesse formado a chapa dois, batizada de “Unindo o Brasil”. Mas eles são quem são. Resolveram atropelar, esmagar, passar por cima…

Leonardo Picciani (PMDB-RJ), por exemplo, líder da bancada, que foi cooptado pelo Palácio do Planalto, decidiu que as oito cadeiras do partido seriam entregues a adversários do impeachment. Vale dizer: a metade (ou mais) da legenda que pensa o contrário não seria representada.

Os petistas não escolheram deputados, mas uma tropa de choque, composta, entre outros, de Sibá Machado (AC), José Guimarães (CE) e Wadih Damous (RJ). São lideranças que chamam o simples debate do impeachment de “golpe” (a exemplo da presidente) e que não reconhecem, pois, o foro para o qual se candidatam. É uma vergonha!

Foi o governo que forçou os dissidentes da base e a oposição a formar uma chapa alternativa. Vale, para essa gente, a frase de Talleyrand sobre os Bourbons: eles não aprendem nada nem esquecem nada.

As chapas foram à votação com, respetivamente, 47 e 39 membros — a menor era a composta pelos adversários de Dilma. Vamos ver o que vai decidir STF, que houve por bem se meter na questão por intermédio do ministro Edson Fachin. Ficando tudo como está, a chapa vencedora terá de receber ainda 26 membros, para compor os 65 necessários.

Sim, segundo as regras, os partidos têm de estar proporcionalmente representados. Se a base não estivesse dividida, é claro que o governo teria o controle da comissão. Mas o caos se instalou. Para vocês terem uma ideia, 20 dos 39 membros da chapa anti-Dilma pertencem a partidos que têm cargos na Esplanada dos Ministérios.

Fantasma do impeachment
É claro que o PT e Dilma viram se agigantar à sua frente o fantasma do impeachment — ou, ainda pior, da ingovernabilidade. Sim, se a votação de hoje tivesse sido a da aceitação ou rejeição da denúncia, Dilma teria sido fragorosamente derrotada nos números, mas teria vencido no placar.

Bastam 171 votos (ou 172 se todos os 513 votaram “sim” ou “não”) para Dilma permanecer no cargo, e a denúncia morrer na Câmara. Já os que querem o impeachment precisam reunir a enormidade de 342 votos.

Notem, Dilma obteve nesta terça 27 ou 28 votos a mais do que precisaria para barrar o impeachment. Embora a oposição e dissidentes tenham tido 73 a mais do que os governistas, ainda lhe faltariam 70 para afastar Dilma.

Cabe, então, a pergunta que já fiz aqui: um governo consegue a estabilidade necessária com 199 votos na Câmara? A resposta está dada. Esse é hoje o tamanho da base fiel — e olhem lá. Eu duvido que esse mesmo tanto defendesse, por exemplo, a CPMF — que, para ser aprovada, precisa de 308 votos na Câmara: 109 a mais do que os obtidos nessa terça.

Não é possível que Dilma não perceba que seu segundo mandato acabou antes de começar. Sempre destacando que a pressão em favor do impeachment não deriva da sua incompetência — nem mesmo da roubalheira do petrolão. Dilma pode cair em razão dos crimes de responsabilidade cometidos.

Ainda que o ministro Edson Fachin resolva meter a mão em cumbuca, anulando a sessão em favor do voto secreto, a derrota já está dada.

O governo, definitivamente, acabou.

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