Dilma não ouviz a voz clara das ruas

  • Por Jovem Pan
  • 18/03/2015 21h13
BRASÍLIA, DF, 16.03.2015: DILMA-DF - A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de sanção da lei do Novo Código de Processo Civil, no Palácio do Planalto em Brasília (DF), nesta segunda-feira (16). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) Pedro Ladeira/Folhapress Dilma Discursa após manifestações

Pergunta: Você acha que a presidente Dilma Rousseff deu a resposta adequada à voz clara, ao óbvio ululante das multidões pedindo o fim da corrupção e o afastamento do governo nas ruas das grandes cidades brasileiras no domingo?

Resposta: Depois de fugir de dar uma resposta à voz clara das ruas manifestada no domingo ao apresentar, inclusive dois ministros que se contradisseram, José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, Dilma, enfim, falou na segunda-feira.

Reconheceu um erro de seu governo: ter entregue às universidades particulares o controle do FIES, o que permitiu que alunos que tiraram zero em português tivessem acesso ao estímulo governamental – não é bem um assunto que ela pudesse enfrentar, porque o português que ela fala está abaixo de zero – mas tudo bem, vamos considerar apenas o fato de que isso é ridículo.

Depois que uma multidão de milhões de pessoas vai à rua pedir o afastamento do seu governo por incompetência e por causa de pouco zelo com a coisa pública, jogar toda a culpa em um problema tão peculiar é o fim da picada. De qualquer maneira, ela disse que não é chegada à confissão e que por isso não ia pedir desculpas.

Perdeu a oportunidade de usar uma velha tradição da esquerda radical, que é a autocrítica, inventada pelos comunistas (mas ela também não foi do partido comunista, e, sim, de um grupo armado) e, ao responder, ela mentiu novamente, se apresentando como uma heroína dessa liberdade conquistada.

A liberdade foi conquistada pelo povo, o povo que foi para a rua e conquistou a liberdade, derrubando a ditarura com a ajuda de políticos tradicionais, dos velhos partidos, civis, que não tiveram nenhuma contribuição da esquerda armada, que, ao contrário, contribuiu para o recrudescimento do regime.

E é bom que se diga que a esquerda armada nunca lutou pela democracia; a esquerda armada, a qual Dilma pertencia, lutou por uma ditadura de sinal oposto à esquerda. Ela veio também com aquela velha conversa da reforma política, que o Eduardo Cunha definiu muito bem. O presidente da Câmara disse que não viu nenhum cartaz pedindo reforma política no meio do povo. Nem eu vi.

E também a conversa de que vai responder ao apelo da população contra a corrupção é absolutamente mentirosa. Está no Congresso a Lei Anticorrupção, que o doutor Modesto Carvalhosa, que entende do assunto, acha que é boa.

Ela só não regulamentou porque não quis, ou porque não tem habilidade política para conseguir isso no Congresso. Quer dizer, ela realmente não ouviu a voz clara da rua, e ainda chamou Lula para conversar a respeito do assunto, o que é mais ou menos equivalente a pendurar roupa recém-lavada no pau do galinheiro.

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