Dilma tenta aplicar golpes retóricos contra o impeachment em Nova York

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 21/04/2016 12h49
EFE/Justin Lane Presidente Dilma Rousseff discursa na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque

Polêmica segue furiosa sobre como a imprensa mundial trata o impeachment no Brasil, o qual a impichada insiste em rotular de golpe. Dilma Rousseff, a presidente que estoca ventos, estoca também expectativas de que vai ganhar corações e mentes com discurso na ONU agora na sexta-feira na assinatura do acordo de mudança de clima.

A presidente vai misturar as bolas, que novidade?, em evento sobre clima para falar sobre um tal de clima golpista, no qual está engajado o seu vice Michel Temer. E em parte Dilma será levada a Nova York pelos ventos da cobertura recente sobre a crise brasileira por influentes órgãos da imprensa.

Como eu já falei aqui na Jovem Pan, não existe amor por Dilma, mas tampouco ardor pelo impeachment em jornais influentes como o New York Times. No ritual de achar que sempre há dois lados numa questão que devem ser ouvidos de forma equânime, o jornal publicou texto com título maroto na quarta-feira. Lá vai: “Crime de impeachment? Especialistas estão divididos”.

Na verdade, são citados mais especialistas que dizem que o impeachment é legítimo, 4 a 1, mas o impacto está no título, enganoso, como nas alusões a um país dividido. Equívoco. São 2/3 dos brasileiros a favor do impeachment e existe uma minoria significativa, 1/3, contra.

Não vou citar todos os especialistas da reportagem do New York Times. O professor da PUC de São Paulo, Pedro Serrano, argumenta que os inimigos de Dilma estão usando uma interpretação elástica da lei e que o lance vai prejudicar a democracia brasileira. Já o professor da Fundação Getúlio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, argumenta que as pedaladas fiscais foram crime administrativo, logo Dilma é passível de perda do mandato.

A reportagem finaliza com o proeminente historiador José Murilo de Carvalho. Ele diz ser um erro definir o impeachment como golpe. O historiador observa que o impeachment não é um bom instrumento para se livrar de um presidente por ser político. No entanto, o impeachment de Dilma Rousseff está dentro da lei.

Nada disso irá impedir Dilma Roussef de seguir aplicando seus golpes retóricos contra o impeachment.

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