Dilma, a viciada em casca de banana, arruma confusão com os militares
O que mais me intriga na presidente Dilma Rousseff nem é a capacidade que ela tem de fazer confusão em assuntos relevantes. E ela é obviamente notável também nisso. Como costumo dizer, ela tem uma formidável vocação para atravessar a rua e pisar em casca de banana. Parece ser uma compulsão. Sim, leitor amigo, ela poderia ser uma virtuose na arte de escorregar, dar passos ginásticos e bailarinos — se me permitem a derivação imprópria —, com elegância peculiar, mas nunca ir ao chão.
Não é o caso. O que ela mais faz é se esborrachar, é quebrar a cara. Mas vocês sabem como é um vício. Faz mal, mas a pessoa só se contenta se alimenta aquilo que tem o potencial de destruí-la. Sei como é… Fumo Hollywood. Não me orgulho. Só faço mal, no entanto, quase a mim mesmo, né? E esse “quase” está aí em razão das preocupações familiares. Dilma não! Quando faz besteira, movida por sua compulsão — e como ela faz! —, interfere na vida de muitos milhões.
Qual é a mais recente trapalhada? Movida sabe-se lá por qual mau espírito — talvez os deuses ancestrais da mandioca —, ela resolveu, por decreto, tirar dos comandantes militares funções relativas ao pessoal das Forças Armadas, como reforma do oficialato, transferência para a reserva remunerada e, ora vejam!, até a escolha de capelães. Transferiu essas prerrogativas para o ministro da Defesa, o petista Jaques Wagner.
Wagner, sem dúvida o ministro mais boa-praça entre os petistas — parece sempre que ele vai nos convidar para um uisquinho ou uma moqueca —, entende de Defesa menos do que entendo de física quântica. Consigo fazer uma redação de cem linhas a respeito. Duvido um pouco que Wagner logre o mesmo sucesso sobre, sei lá, a vulnerabilidade das nossas fronteiras ou sobre a nossa capacidade bélica.
Tanto ele não entende nada de Defesa que se tornou um dos 7.359 coordenadores políticos de Dilma. É claro que houve mal-estar nas Forças Armadas, até pela gratuidade do ato. Wagner nem teria tempo de cuidar do assunto. Quando não está tentando reparar alguma bobagem feita por Dilma, está ocupado em ser simpático com o uisquinho e a moqueca.
Tanto o ministro está alheio mesmo à burocracia da pasta que quem solicitou à Casa Civil a transferência de responsabilidades dos militares para o ministro foi a secretária-executiva da Defesa, a petista Eva Maria Cella Dal Chiavon, que chefiou a Casa Civil da Bahia no primeiro governo Wagner, entre 2007 e 2011. Depois, ela foi secretária-executiva do Ministério do Trabalho, da Secretaria de Relações Institucionais, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Planejamento.
Ó, leitores! Ela entende tudo de defesa. Até porque é graduada, prestem atenção, em Planejamento Estratégico Público-Participativo e Enfermagem e Obstetrícia. O que lhes parece? Pior: a trapalhada soou como pequeno golpe nas Forças Armadas. Quando a tal Eva Maria resolveu enviar a solicitação à Casa Civil, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira estava como interino da Defesa e nem mesmo foi avisado. Seu nome saiu chancelando a tolice no Diário Oficial, e ele teve de vir a público para dizer que não sabia de nada.
Wagner agora diz que vai delegar aos comandantes militares tarefas que lhes são próprias. Parece piada, mas é assim. Mais impressionante: a estrovenga é pensada lá na Defesa por aquela senhora que certamente sabe o que é “castrismo”, mas não o que é castrense, passa pela Casa Civil de Aloizio Mercadante, um filho de general, e termina na mesa de Dilma, que, na melhor das hipóteses, assinou o troço sem ler.
Por Reinaldo Azevedo
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