Dilma viu o dólar alto e botou para quebrar
O que essa alta contínua, persistente e rápida do dólar revela aos donos do poder que ficam nos ambientes refrigerados de Brasília e não conhecem o Brasil real?
Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho, foi o primeiro brasileiro que descobriu, numa crônica exemplar, que há dois brasis: o real e o oficial. Essa divisão vem sendo constatada sempre, permanentemente.
Ela está acontecendo nesta semana. Enquanto o Brasil oficial faz conchavos em Brasília, o Brasil Real trabalha, ganha, compra e vende. E o Brasil real fez, na terça-feira, Dilma dar uma guinada e por para votar os seus vetos no Congresso.
O Congresso deu aquilo que Levy chama de “banho de realismo”, e ele tem razão. Afinal de contas, a pauta-bomba de Eduardo Cunha é antipatriótica, porque ela investe contra o nosso dinheiro coletivo, e não contra Dilma. Ele quer parecer que investe contra Dilma, mas não é o caso.
Mas quando Dilma viu que o dólar chegou a 4 reais, resolveu dar uma guinada e botou para quebrar, oferecendo ministérios para conter a alta do dólar.
A votação na terça-feira à noite foi muito positiva para ela e para o Brasil, num dos raros momento em seus 4 anos e 9 meses de governo em que o interesse dela coincidiu com o nosso.
Só que, ao contrário do que se podia esperar nos gabinetes refrigerados de Brasília, o dólar fechou na quarta-feira a 4 reais e 14 centavos no câmbio oficial, e chegou a 4,50 em cartão pré-pago no câmbio turismo, ou seja, o mais alto índice da história do Plano Real.
Então, Dilma, os caciques do PMDB, os chefões do PT, fiquem sabendo que a sociedade não vai avalizar sempre com as suas ações de compra e venda as negociatas e as barganhas de Brasília.
O Brasil real está sofrendo, mas está reagindo, e um dos sinais é a alta do dólar, que desequilibra a economia, sejam quais forem as vitórias do governo no Congresso.
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