Havia não-petistas em Monteiro, no sertão da Paraíba, neste domingo, onde Lula fez uma megacomício. Já falo deles. O pretexto era visitar um trecho concluído da transposição do São Francisco. Na prática, o líder petista fazia o primeiro grande ato de campanha à Presidência da República em 2018. Abaixo, vai um vídeo com o seu discurso. Merece tarja preta.
“Ah, mas ele vai ser candidato? E se estiver condenado em segunda instância e não puder apresentar seu nome por causa da Lei da Ficha Limpa? E se estiver preso?” Obrigo-me a lhes dar uma resposta lógica: quem conta com essas possibilidades para que ele, eventualmente, não se eleja deve considerar também que, mesmo inabilitado, e mais ainda se preso, será um grande eleitor.
Agora volto aos meus “espiões”, leitores do blog que me mandaram mensagens de lá. Mesmo os adversários estavam impressionados. Com o público — muitos milhares, vindos de todos as cidades do Estado e de outras unidades da federação — e, sobretudo, com o entusiasmo, com laivos de fanatismo. De Dom Sebastião, julgava-se ver apenas o vulto. Ali, o “rei” reapareceu em carne em osso. E já que estamos falando de sebastianismo, o Antônio Conselheiro do pragmatismo empreiteiro julgava estar cumprindo uma parte da promessa: o sertão vai virar mar!
Aconteceu tudo conforme se previu aqui — e todos sabem quanta porrada tomei e tomo ainda porque antevi há muito tempo que a Lava Jato e a direita xucra estavam ressuscitando Lula. E eis aí o homem ressuscitado, não é? Para disputar a eleição ou, reitero, para ser um eleitor poderoso. Os petistas todos têm de agradecer esse momento Fênix, renascida das cinzas, aos senhores procuradores da República, em especial a Rodrigo Janot.
Ora, vejam o tempo e o propósito de sua lista, parte dela vazada numa conspirata entre procuradores e jornalistas. Ali se diz que todos são iguais, não é? O PT perdeu o seu papel de protagonista do maior assalto de que o país tem notícia aos cofres e à institucionalidade. Ora, já sintetizei aqui a questão: para amplas camadas, se todos são iguais, então Lula é melhor! Só fazia sentido descartá-lo se outros se mostrassem melhores do que ele.
A esquerda sorri em festa. Celso Rocha de Barros, colunista da Folha, que está muito longe de ser burro — além de escrever e pensar bem, segundo seus pressupostos, não os meus —, afirma em sua coluna desta segunda sobre o caixa dois: “O dinheiro pode ter entrado pelas mais variadas reentrâncias, mas sua origem é um cartel de empreiteiras que roubava dinheiro dos contribuintes”. Mas não pensem que ele prega que se enforquem todos. Isso é para a direita xucra, não para a esquerda inteligente. Ele afirma que os políticos não eram necessariamente maus. É que assim eram as coisas.
Celso sabe que, nem nas suas prefigurações mais otimistas, imaginava que o PT receberia esse presentão do Ministério Público Federal e da militância xucra antipetista. A demonização da política e dos políticos, o nivelamento por baixo, o clima de caça ás bruxas, tudo isso contribuiu para devolver Lula e o PT ao jogo.
Disse o demiurgo: “Eu nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que eles querem evitar que eu seja candidato. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é para ganhar a eleição nesse país”. E, sem seguida, passou a fazer pregação contra aquela que pode ser a única, quem sabe última, chance que o Brasil tem de sair do buraco: a reforma da Previdência.
Lula quer voltar. Para fabricar mais quarenta anos de atraso em 4 de governo.
E os idiotas que depredam a política, à direita, são os seus principais cabos eleitorais, embora defendam outras candidaturas.
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