Ditadura de Maduro se faz ver claramente
A crise na Venezuela se aprofundou – ou se fez ver plenamente – quando a oposição à Nicolas Maduro tornou-se maioria no Parlamento. Naquele exato momento, pressionado pelo que restava de aparência democrática, Maduro precisou escancarar a natureza da ditadura que já havia muito, inaugurada por Hugo Chavez, oprimia o país. Desde então, ladeira abaixo, trabalhou por asfixiar a Assembleia Nacional e preparou terreno para o que seria um golpe de Estado a lhe reinvestir de poderes.
Na última segunda-feira, acompanhado da cúpula militar venezuelana, Maduro apresentou a face desse golpe: a convocação de uma constituinte de natureza fascista rara até para os padrões bolivarianos. Segundo o decreto que instaura o processo, os 500 integrantes da assembleia que conceberá a nova Constituição não serão eleitos por voto universal – mas por, atenção, setores da sociedade e comunidades. Maduro chama isso (o PSOL também) de “democracia participativa”. Algo como se a CUT e o MTST escolhessem os membros do Legislativo. O significado da coisa é óbvio: cria-se essa nova Assembleia, a tal Assembleia Popular, para consolidar o assalto definitivo às funções do Parlamento. Ou seja: cria-se a nova assembleia para acabar com a assembleia.
O calendário eleitoral da Venezuela, já muito corrompido, até então suspenso, ora inexiste. As eleições a governador deveriam ter ocorrido em 2016, mas foram indefinidamente adiadas. Para 2017, estavam previstas eleições municipais. E, para 2018, presidenciais. Tudo isso já era. O país já está em guerra civil. E o Brasil – como se continuasse sob gestão petista – se mantém omisso. Sendo que, neste caso, omissão é aval.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.