Doar uma criança para adoção pode ser o maior ato de amor
A polícia identificou a mulher que abandou um bebê em Higienópolis, área nobre de São Paulo. Maria dos Santos Queiroz tem 37 anos, é empregada doméstica e mãe de dois outros filhos.
Ela escondeu a gravidez e na noite do último sábado, fez o parto, sozinha, num banheiro. No dia seguinte, colocou a filha dentro de uma sacola de papelão e abandonou a recém-nascida em baixo de uma árvore.
Maria dos Santos vai responder por abandono de incapaz, cuja pena vai de 6 meses a 3 anos de prisão.
Julgar um caso como esse não é fácil. Em defesa da mãe, pode-se alegar que ela é pobre, que já tinha outros filhos, que foi abandonada pelo companheiro, que estava em estado puerperal, sofrendo de depressão pós-parto… Muitas desculpas podem ser exploradas. Algumas compreensíveis, nenhuma, porém, justificável.
Em episódios como esse, de óbvio descaso e flagrante desamor, resta-nos o espanto e a dúvida: como uma mãe é capaz de abandonar um filho à própria sorte?
Como o instinto natural materno é subvertido a tal ponto de transformar a protetora natural de uma criança em seu mais insensível algoz?
Como aceitar tamanho descaso com a vida, a vida do próprio filho? Ainda mais quando a nova lei de adoção estende a mão para essas mulheres!
A legislação permite que a mãe biológica entregue seu filho à Justiça sem que ela seja julgada, estigmatizada ou punida por isso. A lei respeita a vontade da mãe e preserva o que há de mais precioso: a integridade e a vida da criança.
Nem todas nascemos para ser mães. E nenhuma mulher é obrigada a criar um filho que não aceita. Neste caso, doar uma criança para adoção pode ser o maior ato de amor que uma mãe pode demonstrar.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.