Doar uma criança para adoção pode ser o maior ato de amor

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 08/10/2015 12h50
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SÃO PAULO, SP - 07.10.2015: BEBÊ-SP - Policiais civis prenderam, na tarde desta quarta-feira (7), uma mulher suspeita de ter abandonado uma recém-nascida em Higienópolis, bairro nobre na região central de São Paulo. O crime aconteceu no fim de semana e foi registrado por câmeras de segurança de prédios da rua Piauí. Segundo investigadores do 4º Distrito Policial, na região da Consolação, a mulher, que é mãe do bebê, foi localizada depois de analisar as imagens e presa no prédio onde trabalha como empregada doméstica. (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress) Marlene Bergamo/Folhapress Policiais civis prenderam

A polícia identificou a mulher que abandou um bebê em Higienópolis, área nobre de São Paulo. Maria dos Santos Queiroz tem 37 anos, é empregada doméstica e mãe de dois outros filhos.

Ela escondeu a gravidez e na noite do último sábado, fez o parto, sozinha, num banheiro. No dia seguinte, colocou a filha dentro de uma sacola de papelão e abandonou a recém-nascida em baixo de uma árvore.

Maria dos Santos vai responder por abandono de incapaz, cuja pena vai de 6 meses a 3 anos de prisão.

Julgar um caso como esse não é fácil. Em defesa da mãe, pode-se alegar que ela é pobre, que já tinha outros filhos, que foi abandonada pelo companheiro, que estava em estado puerperal, sofrendo de depressão pós-parto… Muitas desculpas podem ser exploradas. Algumas compreensíveis, nenhuma, porém, justificável.

Em episódios como esse, de óbvio descaso e flagrante desamor, resta-nos o espanto e a dúvida: como uma mãe é capaz de abandonar um filho à própria sorte?

Como o instinto natural materno é subvertido a tal ponto de transformar a protetora natural de uma criança em seu mais insensível algoz?

Como aceitar tamanho descaso com a vida, a vida do próprio filho? Ainda mais quando a nova lei de adoção estende a mão para essas mulheres!

A legislação permite que a mãe biológica entregue seu filho à Justiça sem que ela seja julgada, estigmatizada ou punida por isso. A lei respeita a vontade da mãe e preserva o que há de mais precioso: a integridade e a vida da criança.

Nem todas nascemos para ser mães. E nenhuma mulher é obrigada a criar um filho que não aceita. Neste caso, doar uma criança para adoção pode ser o maior ato de amor que uma mãe pode demonstrar.

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