Dois protestos, 39 anos de diferença
Um amigo meu, carioca, um pouco mais velho do que eu, já sessentão, gato escaldado, sem ilusões sobre a vida, a história e o Brasil, confessou que fora tomado de uma animação juvenil, otimista, quando se dirigia ao protesto de domingo em Copabacana. Arrematou que não se sentia assim desde que participara da manifestacões das Diretas Já em 1984. Disse que sua animação era uma terapia de choque após passar meses deprimido com a saúde política e econômica da nação.
Aí eu me dei conta que embora cidadão desta nação e há 40 anos ofício de jornalismo, não pude estar presente de corpo e alma como cidadão ou como jornalista nos principais eventos no solo pátrio desde o começo dos anos 80, tenho praticamente vivido nos Estados Unidos, estudando ou trabalhando como jornalista. Sim, perdi os comícios das Diretas Já e obviamente perdi a marcha da história no domingo, 13 de março.
Confesso que a última manifestacão política de rua da qual participei foi em 1977, ainda estudante na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Eu fiz parte da turma que, com medo, se sentou no Viaduto do Chá diante do pelotão de choque e da cavalaria do coronel Erasmo Dias nos protestos contra a ditadura.
Bem, chega de nostalgia. Vamos trabalhar um pouco. Aqui no exterior, tivemos protestos em muitas cidades e no final da manhã de domingo, Times Square ficou verde e amarela com o protesto dos brazucas contra o regime lulopetista e a favor da Operação Lava Jato. Ato pequeno, de duas centenas de pessoas, mas cada cidadão brasileiro em qualquer parte do mundo faz a sua parte para exigir um país melhor.
Na mídia global, consenso fácil. O impacto dos protestos de 13 de março é grande e reforça o cerco em torno do lulopetismo. Quando marchei no Viaduto do Chá em 1977 eu não tinha noção que ainda iria demorar um tempão para a queda do regime militar. Espero que tudo seja mais veloz com o regime lulopetista.
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