Donald Trump e a teoria do homem louco

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 08/12/2016 07h29
EFE Donald Trump - EFE

Faz exatamente um mês que os americanos votaram e cravaram o improvável Donald Trump no poder da ainda única superpotência do planeta. Um mês e tantos tuítes atrás. Nenhuma surpresa que Trump tenha sido escolhido pessoa do ano pela Time, ele, o presidente do que a revista denomina “estados divididos da América”.

E nenhuma surpresa que o presidente eleito ainda se comporte como candidato. É verdade que existe um esforço em muitas partes, seja por puxa-saquismo a quem agora é poder, seja por motivos institucionais, para normalizar Trump. Mas, comigo nada disso, nada de normalizar o aprendiz de presidente.

Cá está o líder dos estados divididos da América e do chamado mundo livre mentindo, exagerando, insultando e criando a maior confusão nas relações internacionais. E olha que há gente achando que existe um toque de gênio nas atitudes caóticas do presidente eleito, como provocar a China, aprendiz de superpotência, sem ter uma clara estratégia.

Em uma postura em que mistura leviandade com ousadia, Trump resolveu paparicar Taiwan, o país que a China considera uma província renegada. O presidente eleito diz que chegou a hora de confrontar um país que ameaça os interesses americanos. Ele faz isso, tuitando insultos contra a China.

No entanto, é o mesmo país com o qual os EUA têm uma relação interdependente. Ao mesmo tempo, Trump renega o tratado comercial transpacífico (do qual a China está ausente), o que impulsiona os países da região para a órbita de Pequim.

No plano interno, Trump se insurge contra os princípios do livre comércio e não intervencionismo na economia que supostamente norteiam o seu Partido Republicano. Mesmo antes da posse, Trump escolhe empresas para favorecer e outras para prejudicar. O cálculo de empresários passa a ser como cair nas boas graças do todo-poderoso.

Já sabemos que o populista Trump é um ensopado de ideias. Afinal, ele que fez uma campanha bem sucedida contra as elites chamou vários companheiros bilionários e de Wall Street para o ministério.

No entanto, existe um ponto de coerência em Trump. Como ele prometeu, é preciso ser “imprevisível”. E aqui estamos de volta à ideia de que existe método na loucura, na jogada de se comportar como um homem louco, o madman. É uma boa parecer caprichoso e impulsivo para confundir os adversários (e no caso de Trump, também os aliados).

Prefiro ficar com a ideia de Dana Milbank, do jornal The Washington Post. Na teoria do homem louco de Trump existe mais loucura do que teoria.

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