Donald Trump tem semana amarga na campanha presidencial

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 03/10/2016 08h21
EFE/Erik S. Lesser Donald Trump Pré-candidato republicano Donaldo Trump durante ato de campanha na Carolina do Sul

Vou falar de eleições, de eleições locais, locais para mim, eleições americanas. Donald Trump não terá saudades da semana passada. Vai para os livros como uma das piores já amargadas por um candidato presidencial nos Estados Unidos. Em pouco mais de um mês, Trump vai ao duelo contra Hillary Clinton e chegará ferido para o embate final.

Em ano de eleição presidencial nos Estados Unidos, costumam existir as chamadas surpresas de outubro e a primeira agora foi de fato no primeiro dia do mês com a revelação do New York Times de partes da declaração do imposto de renda de Trump, que ele se recusa a divulgar, conforme a praxe entre candidatos presidenciais há 40 anos.

A essência da vasta reportagem é que Trump teve uma perda impressionante de 916 milhões de dólares em 1995, o que potencialmente permitiu que não pagasse imposto de renda federal nos 18 anos seguintes. Tudo dentro da lei, mas confirmando que o código tributário favorece gente rica como ele.

As revelações alimentam três linhas de ataque de Hillary.

Um: a recusa de Trump para divulgar seu imposto de renda mostra que ele esconde alguma coisa importante. Dois: o que foi divulgado pelo New York Times mostra que Trump não é o fantástico empresário que apregoa. Três: pagou nada ou pouco de imposto apesar de sua apregoada vasta riqueza.

No coração da narrativa de campanha de Hillary, Trump é um bilionário sem coração, que engana os clientes e não passa de um charlatão empresarial que deixa um rastro de destruição por onde passa.

A outra parte da narrativa de Hillary é que Trump não tem o temperamento para ser presidente. E isto ficou mais uma vez flagrante ao longo da semana passada. Trump perdeu o primeiro debate presidencial no domingo, embora não reconheça a derrota, mordeu a isca lançada por Hillary e passou boa parte do tempo focado em uma picuinha, sua desavença com uma ex-miss Universo. Imaginem, na sexta-feira, Trump estava tuitando de madrugada insultos contra Alicia Machado, a ex-miss.

Antes da semana passada, as pesquisas mostravam um avanço de Trump, o que até gerara pânico na campanha de Hillary, mas a candidata democrata se recuperou, fruto do bom desempenho no debate e das travessuras infanto-juvenis de Trump. O próximo debate será no domingo e as expectativas são de que seja um bate-boca no esgoto, se Trump cumprir a promessa de trazer os escândalos sexuais de Bill Clinton para o duelo.

O que está horrível pode piorar ainda mais.

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