Drama dos refugiados europeus é repleto de ironias históricas

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 08/09/2015 12h09
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Refugiados aguardam ao lado de trem que permanece parado em estação em estação ferroviária na Hungria EFE Refugiados aguardam ao lado de trem

O drama dos refugiodos que tentam se instalar na Europa é um drama pródigo em ironias históricas, e ocorre 70 anos depois do final da Segunda Guerra Mundial e pouco mais de 25 anos depois da queda do Muro de Berlim.

Para quem conhece com intimidade os horrores da vida sob o jugo nazista ou dos soviéticos na Europa Oriental, temos uma avalanche de ironias históricas:

Em uma estação de trem, a polícia tcheca tatuou números nos braços de 200 refugiados, como a polícia nazista fazia com os judeus;

Na Hungria, governada por Viktor Orbán, um Putin em miniatura, é instalada uma cerca de arame farpado, como aquelas que existiam nos tempos da coluna de ferro. Que coisa feia, Orbán.

Fronteira entre Hungria e a Sérvia (EFE)

Há 60 anos, em 1956, o mundo ficou estarrecido, embora não tenha feito muita coisa, quando os compatriotas húngaros se insurguiram contra a ditadura comunista. Em 1989, o país abriu a fronteira para os alemães orientais.

O Papa Francisco pede que os europeus sejam generosos e solidários. E o primeiro-ministro Húngaro vem com esse papo infame de defesa da civilização europeia-cristã.

Num ponto, Orbán tem razão: os refugiados não querem ficar na Hungria. Eles preferem países mais ricos e generosos. Quem diria que 70 anos depois do holocausto, os refugiados bradariam: “Alemanha, Alemanha!”.

Por esses dias, eu fui refrescar a memória sobre uma tragédia emblemática de refugiados dos tempos da Segunda Guerra. Em 13 de maio de 1939, mais de 900 judeus fugiram da Alemanha a bordo de um cruzeiro de luxo, o St. Louis. Eles queriam alcançar Cuba e dali viajar para os EUA. No entanto, os refugiados foram rechaçados em Havana e forçados a retornar para a Europa, onde mais de 250 foram mortos pelos nazistas.

Eu não preciso de lições históricas ou de alertas sobre a complexidade que é receber refugiados sob pressão humanitária. Nem Angela Merkel está oferecendo soluções sólidas e duradouras, apenas o mínimo de decência e bom senso em mais um naufrágio moral da humanidade.

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