É absurdo os parlamentares atrapalharem o trabalho da Polícia Federal

Nêumanne, Paulo Roberto Costa vai para as CPIs do Congresso falar sobre o depoimento de delação premiada que está prestando à Polícia Federal. Ele vai com com a autorização do juiz Sérgio Moro, você acha que isso é adequado?

Tenho o maior respeito pelo juiz Sérgio Moro. A sua ação intrépida tem sido a responsável por uma investigação completa e rigorosa no escândalo da roubalheira na Petrobras.

O juiz paranaense tinha encaminhado ao ministro do Supremo, Teori Zavascki, a função de decidir se Paulo Roberto Costa, que está prestando depoimento em delação premiada na Polícia Federal, teria autorização para depor no Congresso. Zavascki despachou que não há o que fazer nesse caso que a CPI tem direito.

É, neste caso eu não posso discordar nem de Zavascki, nem de Moro, que autorizou que o seu réu fosse depor na quarta-feira. Eu só gostaria de citar o procurador-geral, Dr Janot, que alertou para o fato de que a delação premiada poderá ser prejudicada pela eventualidade de qualquer coisa que o Paulo Roberto Costa diga lá na comissão.

Eu concordo com o Procurador, acho um absurdo que os parlamentares estejam atrapalhando o trabalho da Polícia Federal, que é um trabalho profícuo e que dará resultado certamente concretos para a democracia brasileira. Fazem isso por dois motivos, ambos torpes: O primeiro é o da promoção pessoal, querer aparecer na foto. O segundo, que é o mais grave, é o de tentar arrancar informações e a respeito da participação deles mesmos na delação premiada de Paulo Roberto Costa.

Eu me alio ao jornalista Elio Gaspari, que nas suas colunas no “O Globo” e na “Folha de S. Paulo” pediu para deixarem o Paulinho, do Lula, falar em paz. Era também o que eu gostaria, mas já que não é possível, como o próprio juiz lá no Paraná e o ministro Zavascki reconheceram, é rezar para que o Paulo Roberto Costa não fale nada, use o direito ao silêncio que ele tem, segundo Sérgio Moro, pra que esses senhores, apressados parlamentares, loucos para aparecer, não perturbem o que a nação precisa saber, que é o que Paulo Roberto tem realmente a contar.