É bom entender os xingamentos de Sérgio Machado! Era truque para se dar bem em delação

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 21/06/2016 11h02
Reprodução Ex-presidente da Transpetro Sergio Machado durante delação premiada - REP

Vieram a público outras conversas de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, com seus interlocutores. Elas serviram de base para o Ministério Público Federal sustentar que há uma grande conspiração contra a Lava-Jato. E, como se sabe, não há. Isso é conversa mole de quem está querendo botar fogo no circo para provocar novas eleições. Nesses novos diálogos, ele se refere a ministros do Supremo e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com palavrões cabeludos.

Machado estava mesmo bravo? Não! Ele já confessou ao Ministério Público que estava apenas buscando fabricar provas para embasar sua delação. Não acreditam? Ouçam e vejam vocês mesmos, a partir de 7min42s.

Vale dizer, de forma deliberada, Machado decide xingar os ministros e o procurador-geral, com o claro intuito de excitar a fúria do interlocutor e levá-lo a fazer o mesmo.

Numa conversa com José Sarney, Machado se mostra inconformado com o fato de o Supremo ter decidido que um réu já pode cumprir pena depois de condenado em segunda instância. E ele diz, então, ao ex-presidente:
“Aquela reunião do Supremo […] Rasgaram a Constituição no que diz respeito a transitado e julgado. O Gilmar [Mendes] e o [Dias] Toffoli foram os grandes, os dois filhos da puta porque, se tivessem votado, tinha dado seis a quatro”.

Machado tenta claramente arrancar de Sarney declarações contra o juiz Sergio Moro:
“Esse homem tomou conta do Brasil. Inclusive o Supremo fez porque é pedido dele. Agora, como é que o Toffoli e o Gilmar faz (sic) uma porra dessa? Se esses dois tivessem votado contra, não dava? […] Nomeia uns ministros de merda, como aquele do Rio [Luiz Fux].”

Sarney ainda faz um elogio a Roberto Barroso e Luiz Fachin, mas Machado não quer saber:
“Merda nenhuma! Aquele do Paraná também [Fachin]…”.

Que coisa! Nunca se esqueçam: Machado admite que estava colhendo o que seriam “provas” para a sua delação. Na conversa com Romero Jucá, ele volta a falar da decisão do Supremo no caso da prisão a partir da segunda instância:
“A Constituição é clara, só pode ser […] depois de transitado em julgado, julgado em última instância. Quem sacaneou ali foi (sic) o Toffoli e o Gilmar.”

Rosa Weber, que negou uma liminar pedida pela defesa de Lula, também apanha: “Como é que a Dilma nomeia oito ministros e não controla porra nenhuma? Aquela porra daquela mulher, aquela burra do Trabalhista não deu o negócio para o Lula”.

E, finalmente, sobra para Janot, que é chamado de “tarado” por supostamente querer denunciar todo mundo.

Sempre sustentei e sustento que, nas conversas gravadas por Machado, ninguém cometeu crime nenhum: Sarney, Renan Calheiros ou Jucá. Talvez todos devam ser condenados, mas não por isso.

Mais: afirmei também que não havia conspiração nenhuma; Machado é que forçava a barra para arrancar declarações de seus interlocutores.

Constatem aí: como ele afirma no depoimento ao Ministério Público, estava gravando as conversas para se municiar. Com que propósito buscava arrancar declarações contra a decisão do Supremo?

Ora, Celso de Mello, por exemplo, foi um ministro que votou contra a maioria naquele caso. Estaria o decano do tribunal mancomunado com os defensores da impunidade?

Sérgio Machado é a personagem mais deletéria que apareceu até agora no petrolão. Também evidenciou ser o mais espertalhão de todos. Não ficará na cadeia um único dia. Vai levar uma baita vida boa. Falou o que bem quis e inventou à vontade.

E ainda serviu de estandarte para os que pretendem derrubar o governo Temer. Usando os métodos que se veem. Mas não há dúvida de que se deu muito bem na negociação com o Ministério Público Federal. Como se nota, ele não achava Janot tão tarado assim, não é mesmo?

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