Economia chinesa tem pouso atribulado, não suave

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 08/01/2016 12h57
EFE/How Hwee Young Investidor observa informações da Bolsa de Valores de Pequim nesta terça-feira (05)

Uma coisa é pânico, especialmente financeiro, fruto de um estouro da boiada quando existe muito volatilidade dos mercados, como está acontecendo em semana no mundo por causa da China. Outra coisa, ou complementar a isso, é o pessimismo baseado nos dados reais de que a economia chinesa, a segunda do mundo, está tendo um pouso atribulado e não suave como se gostaria.

E os estragos que tomam conta dos mercados de ações e da moeda na China são emblemáticos justamente do pessimismo que se assenta em amplos setores da segunda maior economia do mundo.

As notícias são de golpes significativos no coração industrial do país, com diminuição das encomendas e calotes. Mesmo a indústria pesada, como de aço e de cimento, que tradicionalmente move a economia, sofre com excesso de capacidade, tudo o que foi empilhado nos tempos em que a China tinha crescimento anual acima de dois dígitos. Agora, quando muito, o crescimento no resto da década será na faixa de 6 a 7 por cento ao ano.

Por estes dias não existe motivo para tranquilidade. A virada de ano mostrou que as clássicas medidas de estímulo do regime estatizante de Pequim não estão surtindo efeito desta vez. Na verdade, pipocam perguntas desconfortáveis se a ditadura comunista tem as respostas corretas para lidar com a crise.

Existem as jogadas de praxe como desvalorizar a moeda para estimular as exportações ou realizar gastos com obras de infra-estrutura. Isto apenas reforça o temor de que a economia esteja se enfraquecendo com mais velocidade do que se imagina e isto num país em que as estatísticas oficiais são questionáveis.

O desafio obviamente também é político. Existe insatisfação entre setores privilegiados com a cruzada contra corrupção do regime e há também a inquietação na sociedade com poluição e acidentes industriais. Aumenta o número de protestos trabalhistas e isto numa ditadura.

Como o regime irá controlar a inquietação quando sua fonte de legitimidade é o crescimento acelerado? Em pronunciamento à nação, no primeiro dia do ano, o presidente Xi Jinping enfatizou que o crescimento da economia da China ainda está entre os mais rápidos do mundo. Isto porém não serve de consolo para os chineses e para o resto do mundo.

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