Economia e gestão Temer vão bem; a política é que vai muito mal

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 17/03/2017 11h06
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BRA100. BRASILIA (BRASIL), 14/09/2016.- El presidente brasileño, Michel Temer, participa hoy, miércoles 14 de septiembre de 2016, durante el acto de toma de posesión en el cargo en Brasilia (Brasil). Temer juramentó hoy a la nueva abogada general del Estado, Grace Fernandes Mendonça, quien pasa integrar su gabinete, hasta ahora solo formado por hombres. EFE/FERNANDO BIZERRA JR EFE/FERNANDO BIZERRA JR Michel Temer - EFE

Numa viagem ao Nordeste, o general Médici, que comandou o país nos anos mais duros da ditadura militar, disse uma frase que entrou para a história — sobretudo porque os adversários do regime não poderiam pronunciá-la: “A economia vai bem, mas o povo vai mal”. Ele presidiu o Brasil durante uma parte do chamado milagre econômico (1968-1973), quando o país registrou taxas recordes de crescimento. Para se ter uma ideia, o PIB deu um salto de 14% em 1973. Hoje em dia, em razão da herança maldita do PT, nem a economia nem o povo vão bem. Temos, ao menos, a democracia para tentar corrigir o rumo.

Parece-me que, neste março de 2017, temos de dizer algo mais ou menos assim: “A economia, dada a realidade, até que vai bem. Quem vai mal, além do povo, é a política”. E esta pode pôr a perder uma recuperação que está em curso. Há sinais positivos na sociedade. Mas a crise política tenta sufocar o país. Vamos ver.

Emprego
Depois de 22 meses seguidos de perda de empregos, o mercado formal de trabalho registrou em fevereiro saldo líquido positivo. No período, a diferença entre admissões e demissões ficou em 35.612. O resultado ficou bem acima do projetado pelos analistas e representa o melhor dado para o mês desde 2009.

Para se ter uma ideia da evolução do indicador, em fevereiro do ano passado, o país fechou 104.582 vagas com carteira assinada, o pior desempenho para o período em toda série histórica do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que teve início em 1992. O desempenho foi comemorado pelo governo. Os dados foram anunciados em coletiva de imprensa pelo presidente Michel Temer e pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, no Palácio do Planalto.

Aeroportos
O governo federal conseguiu arrecadar R$ 3,7 bilhões com o leilão de quatro aeroportos, realizado nesta quinta-feira. Mais uma comemoração no Palácio do Planalto, uma vez que o valor representa quase 25% de ágio em relação ao preço mínimo: R$ 3 bilhões.

Somente com as assinaturas de contrato, a gestão Temer recebeu R$ 1,459 bilhão. Operadores europeus levaram os quatro terminais, sendo que a alemã Fraport conquistou dois deles, Fortaleza e Porto Alegre. Já a francesa Vinci Airports ficou com Salvador. Por fim, a Zurich administrará o terminal de Florianópolis.

Moody’s
Na noite de quarta, a agência de classificação de risco Moody’s anunciou que elevou a perspectiva da nota de crédito do país de “negativa” para “estável”. A medida não altera a classificação soberana do Brasil, que permanece em Ba2, abaixo do grau de investimento, mas indica que a percepção sobre a economia do país melhorou.

A perspectiva negativa, na prática, indicava possibilidade de novo rebaixamento. Segundo a Moody’s, a alteração desta quarta-feira foi motivada por melhoras em três fatores: as condições macroeconômicas, os riscos políticos e a situação de entidades ligadas ao poder público, como a Petrobras. A agência considera que há impacto positivo no cenário por causa da estabilização da economia, com sinais de crescimento, queda da inflação e reformas fiscais.

A política
É claro que é cedo para anunciar que o país já saiu do atoleiro econômico. Ainda falta muito. Mas é evidente que o governo está no rumo certo. O único fator que pode fazer a coisa desandar é mesmo a política, que vive os seus piores dias. Não se sabe nem como será o sistema de financiamento das eleições do ano que vem. Qualquer que seja a escolha, a cultura da reclamação enfezada estará nas ruas, pronta a demonizar todos os agentes públicos.

Em suma, o único empecilho realmente grande no caminho da recuperação é a falta de confiança no sistema político, que hoje é alimentada por vigaristas.

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