Einstein já demonstrou: José Eduardo Cardozo, da AGU, é maluco
Albert Einstein tinha uma definição para a maluquice que me parece perfeita: consiste em fazer sempre a mesma coisa esperando obter resultados diferentes. Assim, meus caros, é Einstein quem diz, não eu: José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, é mesmo um maluco. Além de não ter muito apreço, ao que noto, pela própria biografia. Embora titular da AGU, não se vexa em se comportar como porta-voz de Dilma.
No começo da madrugada desta segunda, Cardozo concedeu uma entrevista coletiva sobre o resultado da votação na Câmara. E, acreditem, repetiu o que disse nas duas vezes em que foi à Comissão Especial do Impeachment; na defesa que fez de Dilma na própria Câmara e no mandado de segurança que impetrou no Supremo, sem sucesso, para tentar suspender a votação deste domingo. Das outras vezes, foi tudo inútil. Por alguma razão, Cardozo acha que, agora, pode funcionar.
Segundo o petista, Dilma recebeu com “indignação e tristeza” o resultado, mas não se deixou abater. Disse Cardozo com a sua enorme capacidade de sofismar inutilmente: “A decisão que a Câmara tomou hoje foi puramente política. E não é isso que nossa Constituição descreve para um processo de impeachment”.
Ora, claro que não! A Constituição exige, no Artigo 85, que o presidente tenha cometido crime de responsabilidade. E Dilma cometeu. Foi denunciada por ter atentado contra a Lei Fiscal — Inciso VI do Artigo 85 da Carta —, mas, se preciso demonstrar, e eu já o fiz aqui, cometeu uma penca de outros crimes.
Provando, que, a exemplo dos outros petistas, não aprende nada nem esquece nada, voltou a falar em “golpe”. Afirmou: “Um golpe na democracia, um golpe nos 54 milhões de eleitores da presidente Dilma Rousseff. Um golpe de abril de 2016. Temos hoje mais um ato na linha da consumação de um golpe, um golpe que, se consumado, ficará na história como algo vergonhoso para o nosso país”.
Ora, é desnecessário dizer que o golpe, de verdade, foi dado pelo PT e por Dilma quando ancoraram a reeleição e o primeiro ano no segundo mandato num fraude fiscal.
Desde o começo desse processo, sem sucesso, o governo tenta transformar o impeachment numa luta de Dilma contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. E Cardozo insistiu na tecla: “Ele é o autor do início ao fim. É um grande paradoxo porque o presidente da Câmara é acusado de graves delitos. É réu, denunciado no STF. E consegue utilizar seu poder para impedir que seja cassado. Seu processo de cassação começou antes do impeachment. E seu processo se arrasta, enquanto o da presidente correu rapidamente”.
Trata-se de uma argumentação fraudulenta. Se o titular da AGU quer debater as manobras de Cunha para retardar seu processo no Conselho de Ética, há, sim, pano pra manga. No caso de Dilma, que aponte onde está a agressão ao devido processo legal. Simplesmente não há. Mais uma vez, Cardozo está sofismando.
E seguiu dizendo inverdades clamorosas: “Nos traz indignação que ele (Cunha) seja o juiz maior, que ele seja o grande mentor e executor de um processo contra a presidente da República sem nenhum fato que o fundamente. Então, quando nós falamos de tristeza e indignação, este é um dos fatos que mais nos incomoda”.
Para um advogado-geral da União, o doutor peca até nos termos. Cunha não é o juiz de nada porque nada se julga na Câmara. O que a Casa fez neste domingo foi simplesmente conceder a autorização para que o Senado processe a presidente. E a autorização está dada por um placar inequívoco: 367 votos a 137.
Cardozo deveria ter um pouco mais de respeito com a inteligência alheia. Mas isso parece mesmo difícil. Afinal, como se vê, não tem nem pela própria.
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