Eleitores pró-Trump disparam antissemitismo e foco são jornalistas judeus

  • Por Jovem Pan
  • 24/09/2016 12h21
CLE398 CLEVELAND (OH, EE.UU.), 21/07/2016.- El candidato republicano a la presidencia, Donald Trump, ofrece un discurso durante el día de cierre de la Convención Nacional Republicana 2016 hoy, jueves 21 de julio de 2016, en el Quicken Loans Arena de Cleveland, Ohio (EE. UU.). EFE/MICHAEL REYNOLDS EFE Campanha de Trump pede que Hillary renuncie - EFE

Da minha identidade constam muitas coisas. Entre elas, sou jornalista, sou judeu e também estou nas hostes dos ferrenhos adversários da seita Trump. E o que está acontecendo por estes dias nos Estados Unidos que afetam estes componentes da minha identidade?

É o crescimento do discurso antissemita na Internet desferido contra jornalistas judeus que criticam Donald Trump. No meu Twitter, aparecem alguns canalhas, mas o fundamental é falar do que acontece em grande escala nos EUA.

A Liga de Antidifamação (ADL, na sigla em inglês, uma venerável organização de combate ao antissemitismo) anunciou esta semana que contratou um representantes para trabalhar com empresas do Vale do Silício para combater os abusos online, em particular contra jornalistas judeus. O presidente da liga, Jonathan Greenblatt, disse que a quantidade de ódio antissemita é assombrosa.

Entres os casos mais flagrantes que mobilizaram a ADL está a campanha antissemita contra a jornalista Julia Ioffe, depois que ela publicou um artigo crítico sobre Melania Trump, candidata a primeira-dama. Ela foi alvo incessante de supremacistas brancos em uma campanha coordenada, incluindo ameaças de morte. Mesma coisa com Bethany Mandel, que, ao contrário de Julia Ioffe, é muito conservadora.

Jonathan Weisman, do New York Times, meramente tuitou um texto contrário a Trump escrito por Robert Kagan. Os dois são judeus e não deu outra. Os extremistas do grupo Alt-Right foram à carga contra ambos.

A ADL já criticou algumas vezes a postura de Trump e de sua campanha pela relação ambigua que têm com supremacistas brancos e a tendência do próprio candidato e do seu filho, Donald Júnior, de retuítarem material do esgoto antissemita da Internet. O paradoxo é que na operação política e empresarial de Trump há muitos judeus, como o genro Jared Kushner. Ivanka, a filha de Trump, se converteu ao judaísmo para se casar.

A ADL garante ser apartidária, mas reconhece que precisa ser ativa com a campanha de Trump para que repudie de forma extremamente explícita o antissemitismo e os supremacistas brancos. Esta gente está eufórica com Trump, argumentando que agora foi aceita legitimamente no espaço público, graças ao discurso do candidato republicano.

Nenhuma supresa, que as pesquisas mostrem os eleitores judeus nos EUA, que já são fortemente democratas, dando um apoio acima de sua média a Hillary Clinton. E nenhuma supresa que eu, como jornalista judeu, simplesmente repudie Donald Trump. Motivos não faltam para mim.

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