Em dezembro de 2002, país piorou porque ninguém conhecia o PT; em 2015, porque todos conhecem o PT

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/09/2015 11h07
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Presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, fala com jornalistas ao chegar ao Senado, em Brasília. 26/03/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino Reuters Renan Calheiros

A maior fonte de especulação e de instabilidade do governo Dilma chama-se… Dilma. Só nesta quinta, o dólar fechou em alta de quase 2%: R$ 3,759 para venda, maior nível desde 12 de dezembro de 2002, quando chegou a R$ 3,785. Atenção! Viviam-se dias de altíssima especulação em razão da vitória do PT nas urnas. Ainda que o partido já houvesse tornado pública a “Carta ao Povo Brasileiro”, em que prometia se ajoelhar no altar do mercado. Só neste ano, a moeda subiu 41,41%.

É culpa da China? Não! A China não tem nada com isso. A responsável é, mais do que nunca, a governanta. A impressionante lambança feita com o envio do Orçamento ao Congresso é a causa imediata do agravamento da instabilidade. Até agora, não entendi a jogada.

Bem, vamos ser claros: até agora, ninguém entendeu a jogada, nem mesmo seus geniais articuladores. Não! Eu não estou defendendo que a nossa Sacerdotisa da Argentinização deveria ter mandado um Orçamento falso para o Congresso — até porque eu não acredito na verdade dos números enviados.

Eu estou afirmando aqui que houve certo cálculo — burro, para não variar — na operação. De algum modo, se imaginou que a patuscada iria gerar uma espécie de solidariedade diante da pátria ameaçada: “Oh, o Brasil está na pindaíba! Unamo-nos em torno na presidente, em busca de recursos. Acima de nós, está o Brasil”.

O único que cedeu a essa conversa foi Renan Calheiros. Na hora, não lhe ocorreu nada mais grandioso do que fundir Valeska Popuzada com Thomas Jefferson: “Tiro, porrada e bomba, como dizem versos da música contemporânea, não reerguem nações: espalham ruínas e só ampliam escombros. Não seremos sabotadores da Nação.”

Dá-lhe, Renan! Gostei mesmo foi da reação da funkeira, a única coisa sensata de todo o imbróglio. Afirmou ela: “Colocando no contexto da crise econômica que vivemos e sofremos muito, a única coisa que eu peço — como uma pessoa que segue sofrendo de perto todos os efeitos da crise, como todos os demais brasileiros — é que resolvam com inteligência e sem roubalheira”.

Na entrevista que concedeu, Dilma tentou remendar a besteira que fez, afirmando que o governo apresentará uma espécie de emenda ao orçamento, em que se vai procurar zerar o déficit. Talvez seja apenas uma medida de proteção legal, já que é evidente que a proposta agride a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas o estrago já está feito. E a correção só vai aumentar a desconfiança.

O busílis é o seguinte, se números significam alguma coisa, e eles significam: o mercado alimenta em relação a Dilma a mesma desconfiança que alimentava em dezembro de 2002, quando ainda não conhecia o PT no governo.

Explica-se: afinal de contas, todos já conhecemos o PT no governo!

Por Reinaldo Azevedo

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