Em um misto de cinismo e estupidez, Lula se excede na TV portuguesa
Reinaldo, então Lula andou dizendo o contrário da verdade numa entrevista à TV portuguesa?
Olá, internautas e amigos da Pan. Lula concedeu uma entrevista à TV portuguesa RTP que foi ao ar no sábado. Mesmo para quem está acostumado a despropósitos, mesmo para quem já disse que não haveria problemas de poluição na Terra se o planeta fosse quadrado. Mesmo para quem anunciou que cruzaria o “Atrântico” para chegar aos Estados Unidos. Mesmo para quem já afirmou, na presença do então presidente americano, George W. Bush, e das respectivas primeiras damas, que pretendia encontrar o ponto “G” da relação entre o Brasil e os Estados Unidos. Mesmo para quem já afirmou tanta bobagem, Lula se excedeu, foi além da conta na entrevista à TV portuguesa. Num misto de cinismo, de estupidez e de falta de apreço pela verdade.
Segundo o petista, o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. Mais, disse achar que não houve mensalão, afirmou que não ficaria debatendo decisão da Suprema Corte, embora estivesse fazendo precisamente isso. E anunciou pela décima vez que essa história via ser recontada. Para ele tudo não passou de uma tentativa mal sucedida de destruir o PT. Então vamos ver.
Não houve uma só condenação sem provas, como todo mundo sabe. Só três dos ministros que condenaram mensaleiros, Celso de Melo, Marco Aurélio e Gilmar Mendes, não foram indicados para a Corte ou pelo próprio Lula ou por Dilma. O ex-presidente e seu partido, portanto, não podem nem mesmo se dizer vítimas de uma Corte formada por adversários.
O homem que falava era aquele que teve a publicidade de campanha paga no exterior, em moeda estrangeira, numa conta que o marqueteiro Duda Mendonça mantinha fora do país. Origem do dinheiro? Ninguém sabe. Em duas operações ficou claro que o Banco do Brasil, por intermédio do Fundo Visanet, foi lesado em 76 milhões de reais.
Mais do que evidências de pagamento, houve as confissões. O mais espetacular é que o inquérito aberto pela PF investiga a participação do próprio Lula no mensalão. E não tem nada a ver com este do Supremo que acabou agora há pouco não. Foi aberto a pedido do Ministério Público Federal em Abril do ano passado, e o caso diz respeito justamente a Portugal, país no qual ele dava entrevista.
O então presidente do Brasil teria intermediado a obtenção de um repasse de 7 milhões de reais de uma fornecedora da Portugal Telecom para o Partidos dos Trabalhadores, por meio de publicitários ligados à sua legenda.
Mais, Lula repetiu à TV portuguesa uma concepção de honestidade já muitas vezes revelada por ele próprio aqui no Brasil. Prestem atenção ao que ele disse: “O importante é que quando uma pessoas é decente e honesta as pessoas enxergam nos olhos, não adianta dizer que o Lula pratica qualquer ato ilícito porque o povo me conhece”.
Com isso o ex-presidente está a afirmar que existe no Brasil a categoria dos homens inimputáveis, daqueles que são sempre inocentes, daqueles que estão acima da lei, mesmo que sejam culpados. E é claro que ele se considera membro desse grupo.
Assim, não importa o que o homem público faça ou deixe de fazer. O que interessa, segundo ele, é essa relação de confiança olhos nos olhos. Se a população decidir que é inocente, inocente é. Já seria uma coisa estúpida, porque esse tipo de comportamento permitiria, claro, que muito bandido passasse por inocente. Desde quando a culpa está estampada nos olhos?
Mas pode acontecer algo ainda pior. Um inocente que não caia nas graças do povo, ou que caia em desgraça, também poderia ser considerado culpado sem ser. Síntese, para Lula, ele e seus amigos serão sempre inocentes, mesmo quando forem culpados, e seus adversários serão sempre culpados, mesmo quando forem inocentes.
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