Emmanuel Macron luta contra o tempo

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 09/05/2017 08h27
Paris (France), 07/05/2017.- French president-elect Emmanuel Macron delivers a speech in front of the Pyramid at the Louvre Museum in Paris, France, 07 May 2017, after the second round of the French presidential election. Emmanuel Macron was elected French president on 07 May 2017 in a resounding victory over far-right Front National (FN - National Front) rival after a deeply divisive campaign, initial estimates showed. (Elecciones, Francia) EFE/EPA/THOMAS SAMSON / POOL MAXPPP OUT EFE/EPA/THOMAS SAMSON Presidente eleito da França

Emmanuel Macron vem aí. Assumirá a presidência francesa no próximo domingo. Ele tem consciência de que, caso fracasse, o fantasma de Marine Le Pen deverá rondar até as eleições de 2022 e além.

Macron não pode ser um presidente normal, na patética autodefinição de François Hollande. Deu no que deu. Mas, de certa forma, foi uma benção, pois o desastre Hollande abriu caminho para seu ex-ministro da Economia Macron triunfar no domingo, com uma mensagem de mudança não demagógica. Ele deve ousar sem apelar para maluquices.

Macron mostrou ser possível oferecer uma resposta liberal, global e centrista à política populista da identidade nacional, da xenofobia e do protecionismo. Ao contrário de outros políticos, novatos ou veteranos, ele não se rendeu ao pânico de adotar uma versão diluída das ideias da extrema direita. Tampouco, oferece mais do mesmo da esquerda mofada.

Aos 39 anos, o tecnocrata Macron é um dirigente mais maduro e consciente da gravidade da crise do que o setentão fanfarrão, ignorante e adolescente Donald Trump. Macron oferece um comedido realismo aos franceses, ao invés da demagogia e das falsas promessas. Penosas reformas são precisas para agilizar a França. No entanto, ao mesmo tempo, nada de descartar o essencial do estado de bem-estar social. Estas reformas foram feitas nas últimas décadas em vários países europeus, a destacar a Alemanha, e muitas impulsionadas por políticos de esquerda.

Macron sabe que é preciso oferecer mais oportunidades aos jovens com um mercado de trabalho flexível, onde direitos adquiridos pelos mais velhos devem ser tolhidos. Também é preciso oferecer mais oportunidades para os imigrantes e seus filhos na periferia urbana, ao invés de tratá-los como delinquentes.

No entanto, na França existe um histórico presidencial de fracasso para empreender reformas, tanto pela direita, com Nicolas Sarkozy, como pela esquerda, com Hollande. Isto ajuda a explicar o descrédito dos partidos do establishment e o embate no domingo entre Macron e Marine Le Pen.

Pela enésima vez, é preciso reconhecer que grande parte da vitória de Macron foi uma rejeição de Marine Le Pen. Os franceses disseram não, não aqui no berço da civilização. No entanto, a tentação das fáceis respostas populistas para problemas complexos deve persistir. Marine Le Pen é uma hábil marqueteira. Ela sabe se diluir um pouco mais sua mensagem de intolerância e xenofobia, avançará ainda mais na sua busca de legitimidade, com potencial de seduzir mais gente frustrada de direita e de esquerda, sempre fulminando bodes expiatórios.

O jovem Emmanuel Macron luta contra o tempo.

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