Entre delatores e delatados não há vítimas ou algozes; só bandidos
O juiz federal, Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, voltou a defender o instituto da delação premiada.
A delação ou colaboração premiada está prevista na Lei 12.850, de 2013. Essa técnica permite que, através de acordo com a Justiça, o delator tenha a pena abrandada em troca de informações e provas que levem os investigadores a desvendar crimes e prender outros criminosos.
Foi graças à delação premiada que o juiz Giovanni Falcone conseguiu desmantelar a Cosa Nostra, a máfia siciliana.
Pois bem, voltando ao Brasil, este sábado, o juiz Moro esteve em São Paulo para uma palestra na OAB, e aproveitou para rebater a presidente Dilma Rousseff, que, em junho, durante viagem aos Estados Unidos, criticou a colaboração de delatores.
Esquecendo de que fora ela própria quem sancionou a lei da delação premiada, Dilma falou a jornalistas: “Eu não respeito delator.” Na ocasião, a presidente citou até Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da Inconfidência Mineira, para explicar por que não gostava de delatores.
A infeliz comparação do Petrolão com a Inconfidência, e dos delatados com os mártires do movimento não soou nada bem. Pois bem, alguém tinha que “chamar o feito à ordem”.
Calhou de ser o próprio magistrado. Em resposta à Dilma, Moro disse que numa delação premiada, não se está traindo a Resistência francesa ou a Inconfidência Mineira. Para o juiz, a delação premiada é uma traição entre criminosos.
Parece óbvio, mas não custa lembrar. Entre delatores e delatados não há vítimas ou algozes. Só bandidos. Mais ou menos, todos erraram. Menos ou mais, todos roubaram.
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