Espetáculo grotesco: Lindbergh e um desafeto saem no braço na rua. Quem tem razão? Ninguém!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 26/09/2016 07h59
Marri Nogueira/Agência Senado Lindbergh Farias (PT) após sessão de 15 horas de depoimento de Dilma Rousseff no processo de impeachment no Senado

Atenção!

Embora tudo seja detestável, é preciso que fique claro! A briga a que vocês assistirão abaixo se trava entre pessoas que se conhecem. E se está dando pouco destaque a isso. Já chego lá.

Se me pedissem para indicar o político com o comportamento mais detestável no Congresso Nacional durante o processo de impeachment, não tenho dúvida de que não há páreo para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ): estridente, agressivo, faroleiro… Pior: ao chamar de golpe, a exemplo de outros de seu partido ou de seu grupo, um processo que segue os mais rigorosos pressupostos do Estado de Direito, demonstra evidente desprezo pelas instituições democráticas. Querem tornar a coisa ainda mais grave? Pois não! O petista tentou espalhar o baguncismo país afora ao se deslocar para São Paulo para participar de manifestações que, em nenhum momento, repudiaram a violência. Pelo contrário: o senador resolveu atacar a Polícia Militar, que só reagiu com dureza quando agredida. Assim, não se duvide de que Lindbergh não é um bom exemplo de compreensão do debate democrático.

Dito isso, vamos ao que aconteceu no sábado, no Rio, com vídeos que já ganharam as redes sociais. O senador, sua mulher, familiares e amigos foram hostilizados por um casal ao sair de um restaurante — segundo o petista, as agressões verbais tiveram início já no interior do estabelecimento. No vídeo que se vê abaixo, inequivocamente, o político está indo para o seu carro e é seguido por um rapaz e uma moça — presumivelmente, sua mulher ou namorada. Há troca de insultos.

Lindbergh é chamado de “pilantra” e “ladrão”. E devolve: “Fascistinha de merda! Patricinha!”. O outro, então, o acusa de consumir droga. E uma das mulheres que acompanham o político grita: “Respeita, vagabundo”. Vejam.

Por que digo se tratar de uma briga de pessoas que se conhecem. Uma das pessoas que acompanham Lindbergh — a mulher de blusa branca — responde depois que o outro chama o senador de ladrão:

“É o seu cunhado que está na Lava Jato, que foi preso”.

Como fica evidente, ela conhece não apenas aquele que os está ofendendo como a sua família. Adiante.

A briga não parou por aí. Num outro vídeo, o rapaz que xingava Lindbergh aparece no chão — certamente em razão de um confronto físico com o senador, com o motorista que o acompanha ou com ambos e, caído, recebe um chute do petista. O vídeo está publicado na página do MBL.

Vamos lá
Trata-se de um espetáculo grotesco. Eu já disse o quanto reprovo essas atitudes. Escrevo aqui desde sempre e não mudei de ideia. Acho lamentável que pessoas sejam hostilizadas em restaurantes, nas ruas, nas livrarias, em qualquer lugar. Se Lindbergh ainda não compreendeu o que é um regime democrático, é bom que outros, que a ele se opõem, compreendam.

Parece-me evidente que o rapaz que avança contra o petista está alterado além da conta. Faz a linha valentão, que arranca a camisa para brigar. É claro que não é um comportamento aceitável, ainda mais que está acompanhado de sua mulher ou namorada — e também o senador se encontra com familiares e amigos.

O petista, por sua vez, não foi mais responsável na rua do que tem sido no Senado. E, parece evidente, ele trata o Senado como se fosse a rua e a rua como se fosse o Senado. Naquela Casa, por rueiro, torna-se um péssimo senador. Ao repetir na rua o que faz no Legislativo, mostra-se um péssimo cidadão. Se àquele que o agredia faltava temperança, e como faltava!, a Lindbergh cumpria ter juízo, sair do local e não extremar a situação.

Ao conversar com a imprensa, a responsabilidade foi deixada de lado de novo:
“O que houve foi traumático. Eu estava com a minha família. Podia ter havido uma tragédia. Se não fizerem nada, daqui a pouco, vamos ter um cadáver. Foi uma postura fascista.”

Comportamento fascistoide e intolerância é o que Lindbergh tem espalhado no Senado e nas ruas, ao estimular, na prática, protestos violentos, já que não os censura, e ao atacar as forças de segurança, que atuam em favor da contenção. O episódio de rua deixa claro que, de fato, contenção não é com ele.

Encerro
Mas não pensem que vou aqui censurar apenas o comportamento do senador, por não ter se comportado com o decoro que deve ter, mesmo fora do Senado — sempre lembrando que tal compostura tem lhe faltado também dentro… Aqueles que saem filmando e perseguindo Lindbergh na rua não têm razão, não. Atos assim são inaceitáveis. Há a arena certa para fazer política. E, com certeza absoluta, não é num restaurante ou trocando sopapos na rua.

Em vez de ter tirado a camisa para brigar, aquele rapaz deveria é ter vestido o bom senso. Em vez de ter partido para a porrada, Lindbergh deveria é ter tido compostura. Ele não é mais o garoto de 22 anos que  virou símbolo dos caras-pintadas contra Collor e que decidiu ser a imagem do cara de pau no impeachment de Dilma.

Li que alguns petistas citam o seu nome como alternativa para presidir o partido.

Talvez seja o caso. Assim o PT acaba mais depressa.

Antes tarde do que nunca.

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