Esquerdas dão vexame em eleições municipais

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/10/2016 12h06
Ricardo Stuckert/ Instituto Lula Lula

A derrota do PT em São Paulo é um símbolo da derrocada do partido no país. Em 2012, o partido elegeu 630 prefeituras. Só perdeu, então, para o PMDB e para o PSDB. Agora, de terceiro partido com mais cidades sob a sua gestão, tornou-se o 10º. Quando o DEM, que continua encolhendo em número de cidades, conseguiu apenas 276 prefeitos, há quatro anos, houve quem previsse a sua extinção. Pois bem: o partido de Lula elegeu, desta vez, apenas 256, cinco a menos do que os democratas, que ficaram com 261. De 630 para 256, há um encolhimento de 59,4%.

O PMDB passou de 1.015 para 1.027, um crescimento modesto, de 1,2%. Quem mais avançou no total de cidades foi o PSDB, que conquistou 791, 15,3% a mais do que as 686 de há quatro anos. O PSD, do ministro Gilberto Kassab, também não tem do que reclamar. É a terceira legenda em número de cidades, com 494, 20 a mais do que há quatro anos.

Veja quadro elaborado pelo Portal G1:

quadro prefeituras 1

quadro prefeituras 2

Os petistas esperavam, sim, um desempenho ruim, mas não contavam com o tamanho do desastre. O partido foi praticamente varrido das capitais, restando-lhe apenas o consolo de Rio Branco, no Acre, onde o prefeito Marcus Alexandre se reelegeu no primeiro turno, com 54,87% dos votos válidos. A legenda disputará o segundo turno em Recife,  onde João Paulo enfrentará Geraldo Júlio, do PSB, que não levou a eleição de cara por apenas 0,7%. Ou por outra: os companheiros serão derrotados, e isso é certo como dois e dois são quatro.

Mas o desastre é ainda maior. São Paulo conta com 645 municípios. Em 2012, ainda no tempo das vacas gordas, os companheiros já tiveram um desempenho modesto no Estado: 72 Prefeituras. Desta vez, atenção, foram apenas 7! E o partido disputa o segundo turno em Santo André e Mauá. Os municípios que terão gestões petistas cabem nas duas mãos e sobram três dedos: Araraquara, Barra do Chapéu, Cosmópolis, Franco da Rocha, Itapirapuã Paulista, Motuca, Nantes e Rincão.

Cinturão vermelho ficou azul
Todo mundo já ouviu a expressão “cinturão vermelho”, que designava as cidades da grande São Paulo que eram governadas pelo PT. Isso acabou. Guarulhos terá um segundo turno entre PSB e DEM. Eloi Pietá, o petita, ficou em terceiro lugar. PDT e PTN vão para a etapa final em Osasco. O candidato petista ficou em quinto lugar. Em São Bernardo, a terra política de Lula, PSDB e PPS foram para o segundo turno. O candidato dos companheiros ficou em terceiro. Em Santo André, Carlos Grana, o atual prefeito, conseguiu ir para a etapa final, mas deve ser derrotado pelo tucano Paulo Serra. É uma devastação.

Esquerda está no segundo turno em apenas quatro capitais

Quando se olha para as capitais, o quadro para as esquerdas é desolador. Os petistas já levaram Rio Branco. E deve ser tudo. Estão no segundo turno em Recife, como se sabe, mas o petista João Paulo vai perder para o atual prefeito, Geraldo Júlio, do PSB. Três outras capitais terão candidatos vermelhos, Em Aracaju, Edvaldo Nogueira, do PCdoB, enfrenta Valadares Filho, do PSB. Em Belém, Edmilson Rodrigues, do PSOL, vai para a etapa final com Zenaldo Coutinho, do PSDB. E, no Rio, Marcelo Freixo, também do PSOL, terá um confronto com Marcelo Crivella, do PRB.

O PSOL, aliás, não deixa de ser curioso: aumentou em 100% o número de cidades que administra. Tem uma e vai passar a ter duas. Mas está com chance, vejam que exótico, de conquistar duas capitais: Belém e nada menos do que o Rio.

Marina Silva dá vexame

Não é só Lula que tem muito a lamentar, não. Marina Silva, a líder máxima da Rede, também assiste a um belo vexame. Em Macapá, Clécio Luís vai disputar o segundo com Gilvan Borges: obtiveram, respectivamente, 44,59% e 26,37%. Simulações de segundo turno, até a semana passada, apontavam a possibilidade de a Rede vencer. E quase nada mais resta a comemorar. Atenção! Aquela é dada como uma forte candidata à Presidência em 2018 conseguiu eleger cinco prefeitos, menos do que legendas de que quase nunca ninguém ouviu falar, como PRP (19), PTdoB (15), PTC (15), PEN (14), PRTB (10) e PSDC (9). No Rio, o ex-petista e sempre buliçoso Alessandro Molon conquistou mísero 1,43% dos votos: 43.426 votos. Dificilmente conseguiria se eleger vereador.

Alguma legenda de esquerda se saiu relativamente bem, dentro da miséria geral, além do PSOL, que disputará duas capitais? Acreditem:  dentro do seu naniquismo, o PCdoB. Jandira Feghali, a barulhenta candidata do partido no Rio, viu seu eleitorado se esfarelar. Terminou a jornada com 3,34% dos votos apenas — muito bom para uma vereadora… Mas o PCdoB saltou de 51 para 80 prefeituras.

Se algum comunista ainda quiser comemorar…

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