Estabilidade do PSB está ameaçada; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 25/08/2014 12h02

Reinaldo, vamos voltar à candidatura de Marina Silva. Um avião ameaça a estabilidade do PSB, é isso?

E como. Hoje é dia 25 de agosto. Eduardo Campos morreu no dia 13. Até agora, ninguém sabe a quem pertence o avião. Marina, que voou muitas vezes naquele jatinho e que herda, pois, os instrumentos aos quais recorreu o PSB para fazer campanha, se nega a falar do assunto, como se ele não lhe dissesse respeito.

Diz, sim. Quem se pronunciou foi Beto Albuquerque, candidato a vice. Curiosamente, cobra explicações da Polícia Federal. Como? Aquele que era um dos homens mais próximos do presidenciável morto está exigindo respostas em vez de dá-las? O PSB, vejam vocês, inventou o avião sem dono. Será que isso existe?

Marina, a mais ética entre os éticos, não aceita doação, no caixa um ― o oficial e registrado ― de empresas disso e daquilo, mas faz ares de santa da floresta quando se questiona a quem pertencia um jatinho que custava alguns milhões. É essa a “nova política” de que tanto se fala? Vamos ver o que vem por aí: candidaturas e mandatos já foram cassados por muito menos. Que se apure tudo, mas há um cheiro fortíssimo de caixa dois na campanha, não é mesmo?

Marina precisa começar a ser confrontada pela imprensa com a sua própria trajetória, como qualquer político. Ela é, por exemplo, governo no Acre há 16 anos. Seu marido deixou um cargo no secretariado de Tião Viana na semana passada. Mas a sua turma está lá, aboletada na gestão petista.

Digam-me cá: quando Viana, seu aliado, começou a despachar haitianos para São Paulo, de uma maneira indigna, escandalosa, Marina disse exatamente o quê, além de nada? Qualquer bagre teria merecido dela mais atenção. Pareceu-me uma reação muito pouco caridosa a sua.

E não tenho como esquecer o fato de que, há menos de dois anos, Marina estava lutando por um Código Florestal que iria reduzir a área plantada no país. Como alternativa para seu desatino, ela tirava das dobras de seus numerosos xales certo “ganho de produtividade” que compensaria a perda.

Propunha isso, com o desassombro e a retórica caudalosa de sempre, como se o Brasil não tivesse hoje uma agricultura e uma pecuária entre as mais produtivas do mundo. Do mesmo modo, incentivou a crítica obscurantista a Belo Monte, num país que enfrenta escassez de energia.

Marina carrega nas tintas de uma espécie de messianismo pós-moderno, para fugir dos embates. A VEJA desta semana a traz na capa. A reportagem, qualquer um pode constatar, não lhe é nada hostil. A figura desenhada nas páginas chega a ser simpática. Um trecho, no entanto, chamou especialmente a minha atenção.

No dia 18, 30 membros da Rede se reuniram em São Paulo para discutir a morte de Campos. Debate político? Claro que não. Isso é coisa superada. Era um papo de outra natureza. Depois de cada um dizer o que sentia, eles se dividiram em trios para escrever palavras para confortar Marina. É, estranho, na Rede não existem vitoriosos e derrotados quando se debate uma ideia. Há um troço chamado “consenso progressivo”. Em maio, para definir os dois porta-vozes da Rede, eles ficaram reunidos por 18 horas.

Junto com os votos, vamos ver o que dizem as pesquisas, parece crescer também a mitologia sobre Marina. Isso não é bom quando ela tem muitas explicações a dar. O país precisa saber, por exemplo, quem é o dono do jatinho em que ela também voava.

 

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.