Estados Unidos estão diante de uma escolha binária

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 07/11/2016 05h57
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EFE Hillary Clinton e Donald Trump

Está chegando. Na terça-feira à noite esperamos saber quem será o sucessor de Barack Obama. Num ciclo eleitoral marcado por hipérboles, é razoável definir o atual como épico. Um país em transição está diante de uma escolha binária. A democrata Hillary Clinton ou o republicano Donald Trump?

Que país é este? Que país será este? Na expressão americana, o país está ficando mais “marrom”, na medida em que existe a estagnação da população branca. E os millenials, os jovens que têm entre 18 anos e 35 anos, superaram os baby boomers, a minha geração, nascida entre o pós-guerra e 1964. No jardim da infância das escolas, não brancos já perfazem a maioria das crianças e em meados do século nenhum grupo racial será majoritário no país.

O Partido Republicano é um partido basicamente branco (com o núcleo duro composto por eleitores  mais velhos de menor nível educacional). Em contraste, o Partido Democrata é composto por minorias, jovens e eleitores de maior nível educacional (a destacar mulheres). Em 1976, 89% dos eleitores eram brancos. Em 2016, seu número poderá estar abaixo de 70%, enquanto cresce o número de eleitores latinos e asiáticos.

São tempos de cruzamentos demográficos e culturais. Obviamente, também políticos, Os padrões tradicionais de votação estão mudando. Com a bandeira de um agressivo nacionalismo americano  e da identidade branca, Trump quer ocupar o Salão Oval da Casa Branca, hoje alugado ao primeiro presidente negro.

Trump lançou sua campanha despejando as chamadas frases do tal politicamente incorreto, como os mexicanos são estupradores e criminosos. Propôs banir a entrada de muçulmanos em nome do combate ao terrorismo e investiu contra a globalização. A narrativa de Trump alimentou a fogueira dos medos e do ressentimento racial da população branca. 

Vale lembrar que no ciclo eleitoral de 2012, Trump se tornou um paladino da pantomina de que Obama não nascera nos EUA. Somente agora reconheceu o mero fato, embora não tenha pedido desculpas pela farsa, optando em acusar Hillary Clinton por isso.

Hillary Clinton desfralda outras bandeiras da identidade, a destacar seu papel histórico de primeira mulher que pode presidir o país. Hillary Tem ajuda de Trump com seu prontuário misógino, embora o histórico do marido Bill, metido em uma pilha de escândalos sexuais, sirva de munição para o candidato republicano.

Munição mais potente para Trump, porém, são as nuvens no céu de Hillary, as nuvens de falta de transparência e desonestidade. Na reta final da campanha, são trovoadas graças a reabertura de investigações pelo FBI sobre o uso de um servidor privado de e mails nos tempos em que Hillary era secretária de Estado, sem falar do conflito de interesses envolvendo a Fundação Clinton.

São dois candidatos altamente defeituosos, como nunca na história das eleições. Ainda assim, a escolha é binária. Um será eleito e eu nunca escondi minha preferência por Hillary, melhor preparada para o cargo, enquanto Trump não é uma ponte para o futuro. Pelo contrário. É uma voz do passado e um salto no abismo.

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